Via Reino Mágico – RJ
O norte do estado do Rio de Janeiro era um lugar que eu ainda não tinha visitado. A cidade de Santa Maria Madalena tem algumas escaladas que eu queria conhecer, e a via Reino Magico (4º V – E3 D4) no Morro Dubois, 1035 metros de parede era via que eu estava namorando a algum tempo.
No dia anterior a escalada eu e a Michelle analisamos como faríamos para chegar a base da via, já que a informações que tínhamos já não eram mais tão precisas.
Achamos uma pousada a 1 km da base da via, dava para deixar o carro no estacionamento da pousada e caminhar sem problemas.
Essa era nossa primeira escalada das nossas férias, não estávamos tão calibrados assim para encarar tanta pedra, mas pela nossa logística esse era o momento de fazer ela ou talvez não conseguíssemos mais fazer nessa viagem.
Iniciamos a caminhada na pousada as 7:20 da manhã, 40 minutos estávamos na base da via, apenas um pasto alto para passar sem nenhum problema, a única coisa que eu estava bem cabreiro era com as cobras, mesmo cedo o calor já estava forte e eu não conseguia ver onde pisava, situação perfeita para dar merda com esses repteis.
Enquanto me equipava e analisava o croqui, a ansiedade só aumentava. Olhar aquela parede gigantesca a nossa frente e saber que se por algum motivo eu tivesse que abortar no meio do caminho isso seria um problema.
A via até o um grande platô que fica na P9 (9° parada), são todas enfiadas de parada a parada, sem uma proteção sequer entre elas. A graduação é baixa, mas vc esta entrando em uma via que não é muito frequentada, isso significa parede suja e consequentemente um pouco escorregadia. Eu sabia que em situações como essa não pode ter um erro, uma interpretação errada na leitura do croqui, as consequências podem não ser muito agradáveis. Essa era a minha preocupação maior, parede não pode cair e ponto.
Até o platô a escalada foi rápida e sem problemas, fui revessando as guiadas com a Michelle que também estava muito focada na escalada, tanto que levamos 3 horas para escalar as primeiras 9 enfiadas.
No platô que era muito confortável rolou uma vagabundagem, 1:30 parados, comendo, tirando fotos, batendo papo. Depois quase que me arrependi por ter levado tanto tempo parado assim.
A partir desse ponto a escalada muda completamente, de grandes rampas a parede fica bem mais vertical, escalada de muita aderência e pouca agarras. Além que o cansaço começa a pegar na hora que vc mais precisa estar bem.
Da P10 para P11 eu achei a enfiada mais pesada, muitos lances ruins durante os 60 metros de escalada. As outras enfiadas também não são de graça até a P14.
As 16:30 eu e a Michelle finalizamos os 1035 metros de parede. Os pés estavam quadrados, mas estávamos muito contentes por ter finalizado essa escalada.
Mais uma caminhada varando mato até o cume e pronto, agora era só descer caminhando o mais rápido possível, pois avistávamos a chuva vindo em nossa direção e não queríamos molhar o equipamento já na primeira escalada das férias.
A descida não tem segredo, do cume é só seguir para o lado oposto da via por uma trilha bem marcada. 1 hora de descida até a estrada, caminhada um pouco pesada para quem já escalou o dia todo.
O lugar é fantástico que vale a pena uma nova visita mesmo que esteja quase a 1500 km de casa.
Minha parceira e esposa Michelle como sempre mandou bem pra caralho.
Bora que é só o início das nossas férias!!!!
Croqui Reino-Mágico