Via Iemanjá – Pão de Açúcar – RJ
Lendo sobre a conquista e os relatos de algumas repetições da via Iemanjá, descrito no livro “Por Um Triz”, do grande escalador André Ilha, fiquei na maior vontade conhecer essa escalada no Pão de Açúcar.
Eu já tinha escalado algumas vias na face leste e, na teoria não seria difícil localizar a base da via Iemanjá. Realmente era uma teoria, pois eu e a Michelle nos batemos bastante até acertar a linha correta. A sugestão que posso dar é: depois que passar por baixo das vias Heineken e Bohemia Gelada, não desça muito o vale que segue em direção ao mar, logo que você começar a descer e se afastar um pouco da parede já fique ligado em uma entrada a esquerda, é pouco visível essa entrada que segue em curva de nível até sair da floresta e chegar nos gravatás, tem um pequeno platô com um grampo na rocha, esse é o inicio da via.
A primeira enfiada é toda na horizontal para direita, na P1 você não tem contato visual com o seu parceiro e o barulho das ondas quebrando abaixo de você não deixa que seu parceiro te escute, a corda acaba sendo o teu único meio de comunicação, esteja alinhado com o seu parceiro.
A orientação da via não é simples, os gravatás escondem os grampos e complicam a direção que você deve seguir. Com uma errada aqui ou ali, fomos progredindo na escalada com aquele sol torrando nossos capacetes.
Uma enfiada mais divertida que a outra. A sexta enfiada é a mais exigente tecnicamente. Da P6 até a P8 a orientação é horrível, não tenho certeza se fui pela linha correta, pois estiquei muito até chegar no único grampo que avistava. A décima enfiada foi a mais bonita da via, alguns lances em oposição e com a parede mais vertical, foi a parte que mais gostei da escalada.
Depois de 11 enfiadas finalizamos a via Iemanjá, 4° Vsup E2/E3 D3 460 metros. Realmente a linha da via é muito bonita, visual fantástico, muitos lances bem divertidos e o desafio da orientação tornam essa escalada em pura diversão para quem gosta de passar o dia na parede.
A saída da via até o cume do Pão de Açúcar deve ter uns 200 metros com uma caminhada meio chata entre os gravatás e alguns espinhos, mas com certeza foi um belo dia de escalda.