Via De Volta ao Jogo – Pancas – ES

Era o dia de voltar para casa, depois de alguns dias escalando na região de Pancas, eu e a Michelle tínhamos que voltar para Curitiba, mas ainda dava tempo de fazer mais uma via antes de pegar a estrada.

Fabinho, proprietário do camping que estávamos, sugeriu a via De Volta ao Jogo que ficava muito próximo ao camping, assim não perderíamos tempo com deslocamento.

A caminhada de acesso a base da via começa na estrada que vai a cidade de Pancas na Pedra da Cara. Da estrada é necessário cruzar um pequeno mato até chegar na rampa de acesso, uma subida bem ingrime de aderência pelo costão.

A via De Volta ao Jogo, 4° V E2 D1 – 290 metros, tem 6 enfiadas com a orientação muito fácil, pois é uma reta só do inicio ao fim.

Fui revesando as guiadas com a Michelle e escalando o mais rápido possível devido ao tempo que parecia querer mudar a qualquer momento, e na verdade não demorou muito para virar. Parado na P3 enquanto dava segurança de cima, vi a chuva chegando pelo vale e seguindo em direção a cidade de Pancas, eu não consegui saber em quanto tempo a chuva chegaria onde estávamos, mas com certeza não ia demorar nada.

Gritei para Michelle, “Mulher, toca o pau que a chuva daqui a pouco vai chegar!”. Assim que ela olhou aquela cortina de água vindo em nossa direção apurou a escalada e subiu parecendo uma louca. Ainda bem que a via não precisava se preocupar com orientação, qualquer minuto perdido naquele momento poderia comprometer o finalização da escalada.

Faltava a última enfiada para completar a via, mais 60 metros apenas, sai guiando o mais rápido que eu conseguia. Depois de ter escalado uns 30 metros, a cortina de água estava ao nosso lado, a parede já estava molhando com os primeiros pingos da chuva, olhei para o final da via que acabava em uma árvore onde faria a equalização, “foda-se, da pra tocar mais esses metros mesmo com a parede molhada”,- falei comigo mesmo. Não pensei muito para continuar seguindo, faltando alguns metros para chegar no ponto final tive que parar, a sapatilha já não estava mais segurando, a aderência já não era a mesma, tive que subir com todo o cuidado do mundo para não vir pra baixo. Graças a Deus consegui me agarrar naquela árvore e rapidamente montar a segurança para Michelle, ela tadinha, subiu do jeito que conseguia naquela chuva, mas guerreira e casca grossa como sempre foi rapidamente se juntou a mim finalizando mais uma escalada em terras Capixabas.

Mesmo na chuva agilizamos o mais rápido possível o rapel, não queria ficar exposto naquela pedra cheio de equipamento metálico na minha cintura, ao longe dava para escutar o trovão que se aproximava e eu não queria virar um para-raio.