Travessia 10 Anos
A ideia, o planejamento, achar a melhor estratégia até executar o projeto, é tão satisfatório quanto o ato de estar lá realizando tudo que foi planejado.
A Travessia 10 Anos foi uma das coisas que tinha um sentido estar lá … tinha um porquê.
Para a realização de um projeto maior, precisávamos entender melhor qual seria a dinâmica de escalar o Itapiroca para chegar ao cume, caminhar até a base das escaladas do Tucum e finalizar através de uma das vias direto para o ponto mais alto da montanha. Também conhecida com Travessia das Fazendas, só que agora colocando duas escaladas para atingir o cume das respectivas montanhas.
Começamos logo cedo no Rio das Pedras depois de ter deixado o carro do Juliano na Fazenda da Bolinha, onde seria o final da nossa travessia. Juliano e Xandão estavam fechados como dupla, eu e o João era a outra.
Na subida do Getúlio encontramos muita gente, subindo e descendo, final de semana de tempo bom em plena temporada deixa a montanha bem movimentada. Logo que passamos pela Bica o João começou a se queixar de enxaqueca. Relatou que em tempos em tempos essa dor de cabeça aparece com tanta força que leva um certo tempo para melhorar, mesmo tomando medicamentos. Na chegada na bifurcação do Itapiroca com o Pico Paraná o João achou melhor baixar, não estava se sentindo bem e não queria comprometer a travessia. Questionamos sobre suas condições para descer sozinho até o carro, mesmo sendo um trecho pequeno, mas ele garantiu que estava tranquilo.
Chegamos no setor de escalada do Itapiroca agora em trio. A via 10 Anos é uma conquista do Nas Nuvens Montanhismo para comemorar os 10 anos de instituição formada e, foi a primeira via aberta nesse setor. Enquanto escalava, fiquei na dúvida se eu estava fora de forma ou na época da conquista eu estava mais audacioso do que hoje.
Depois de finalizar a escalada e guardar tudo, ainda tinha um vara mato até a área de camping da montanha para depois acessar o cume. Um lanche enquanto avaliava todo o percurso que ainda tinha pela frente antes de seguir nosso roteiro. A descida pela crista tem um visual muito legal do Pico Paraná e de quase toda a Serra do Ibitiraquiri, quase o tempo todo com visual. Depois de passar pela bifurcação do Serro Verde e chegar na última água antes de subir o Tucum, o Xandão achou melhor não entrar na última escalada. Cansado devido a caminhada e a escalada, não estava se sentindo bem o suficiente para pegar mais 300 metros de escalada nesse período de retorno as montanhas. Achou melhor seguir pela trilha e se encontrar conosco na fazenda. Xandão, vulgo Rodrigo, já esteve em muitas roubadas, casca grossa e sempre muito animado, não tem o perfil de largar o osso assim, se achou melhor não continuar, foi pensando no coletivo e não no individual.
Na base da via 10 Anos Depois eu e o Juliano se aprontava o mais rápido possível enquanto analisava o croqui, faltava pouco para o sol descansar e ninguém queria pegar noite enquanto estivesse escalando. Via tranquila e sem nenhum problema de orientação.
As 17:30 horas chegamos na quinta e última parada da via. O sol acabara de se esconder, ainda tinha alguns minutos antes de precisar acender as lanternas e, usamos esse tempo para caminhar até o cume do Tucum. Caminhada noturna até a fazenda enquanto debatíamos todo o processo realizado nessa travessia, avaliando os pontos de acerto e de erro. Depois de 13 horas desde a saída do Rio das Pedras finalizávamos a Travessia 10 Anos.
Se a ideia era fazer essa travessia para planejar melhor as ações do nosso próximo projeto, agora já temos informações e conhecimento necessário para seguir em frente.