Salinas – via CERJ
Eram 9h da manhã quando eu e o Juliano estávamos separando o equipamento que iríamos precisar na parede. Viajamos 15 horas até chegar em Salinas, tiramos alguns cochilos enquanto revezávamos na boleia do carro na última madrugada.
Tanto eu quanto o Juliano estávamos bem cansados mas com um tesão enorme de entrar na parede o quanto antes, principalmente depois do nascer do sol revelando um céu azul e limpo.
Caminhamos até a base da via CERJ, uma das escaladas clássicas do Capacete no Parque dos Três Picos.
No início da escalaminhada em uma larga fenda, acabamos pegando a trilha para a direita que levava a lugar nenhum, depois de perceber o erro e retornando à base da fenda conseguimos subir pelo caminho correto que era a esquerda e logo chegamos a base da via.
A CERJ – D3 5° V (A0/VI+) E2 400 m – tem 10 enfiadas e a gente tinha que acelerar a escalada pois já eram 11 horas da manhã e estava meio tarde pra fazer uma parede daquele tamanho.
A escalada foi alucinante, uma enfiada mais bonita que a outra, fala no croqui que é opcional peças móveis, mas se vc está indo pra lá, acho melhor levar uns camalots do .75 ao 3, tenho certeza que não vai se arrepender.
Na oitava enfiada o cansaço pegou, afinal de contas, só havíamos cochilado na noite anterior e a escalada era longa.
Quando eu entrei na décima enfiada o sol já estava por de trás do horizonte e eu deveria ter uns 15 minutos de luz ainda. Essa última parte era uma graduação baixa, mas logo na saída não consegui identificar a linha da via e nenhum grampo. A claridade diminuía a cada minuto que passava, escalei uns 10 metros e nada de grampo, avisei o Juliano “Pereira, vou tocar o pau pra cima protegendo aonde der com os móveis, fica esperto ai”.
Não sei o quanto escalei e nem se estava muito fora da linha original, comecei a procurar um lugar onde eu pudesse tirar a mochila e sacar a lanterna, e foi nessa hora no último minuto de luz que encontrei a parada dupla que estava procurando. Aí foi só alegria, dei segue pro Juliano e caminhamos até o cume do Capacete finalizando uma das vias mais clássicas de Salinas.
O rapel foi feito já a noite, com um vento muito forte e um frio de trincar os ossos. Enquanto descíamos, avistamos duas lanternas de um lado pro outro no Pico Maior, pelo jeito a dupla de escaladores estavam meio perdidos na Cidade dos Ventos, uma linha de rapel complicada pra quem não conhece.
Quando iniciei o último rapel e olhei para trás para saber por onde eu tinha que descer, percebi que o ambiente tinha ficado um pouco mais claro, olhei pro horizonte e a lua cheia estava nascendo por detrás das montanhas.
São nesses momentos que a única coisa a se fazer é parar e contemplar toda a beleza que Deus criou. Lá embaixo e bem distante, apenas algumas luzes da cidade, uns 50 metros acima de mim eu via a lanterna do Juliano e por trás dele a noite toda iluminada pelas estrelas, e à minha esquerda o Pico Maior todo iluminado pela luz da lua e duas lanternas dos escaladores que também desciam. Nessa hora foi automático sair quase que involuntário “que tesão Pia, é bom pra caralho poder participar disso daqui”. Chegamos ao camping do Mascarin eram umas 21h sem incidentes.
O dia seguinte foi de descanso e preparação para subir o Pico Maior.
Tínhamos combinado de sair as 4h da manhã para escalar, mas enquanto tomávamos café começou a chover e não parou até as 8h da manhã quando decidimos arrumar nossas coisas e retornar pra Curitiba.
Foi apenas uma via em Salinas, mas foi um tesão de escalada com a parceria do meu grande amigo Juliano.
Olá!! É possível acampar no Camping do Mascarim com a barraca ao lado do carro? Estou procurando um lugar para acampar com meus filhos pequenos (2 e 5 anos) e seria melhor dessa forma. Vcs conhecem um lugar legal? Obrigada!! Danusa