Andradas
Já fazia algum tempo que eu e o Otaviano queríamos ir para Andrada, point de escalada no sul de Minas, no início do ano, decidimos marcar a data da viagem . Na semana anterior à partida, convidamos o Celsinho de Morretes e o Rodrigo para irem com a gente.
Na sexta feira, dia 22, peguei o Celso e o Rodrigo na rodoviária de Curitiba as 4 horas da tarde e de lá, fomos pegar o Otaviano em casa, no caminho, ainda tive finalizar algumas coisas do trampo.
Com todo mundo dentro do carro e com mais os equipamento para duas duplas, o coitado do Uno sentou no chão. Pegamos a estrada as 5 horas da tarde com previsão de chegada para meia noite. Já fiz várias viajens longas de carro mas, essa foi à pior de todas! As 6 horas da tarde começou a chover. A chuva era tão forte que o limpador do para-brisa quase não vencia limpar tanta água e o vidro embaçava o tempo todo por causa dos quatros marmanjos de dentro do carro! Na saída do último pedágio, antes da serra, a pista estava tão alagada que, quando vimos já estávamos dentro da água. Conseguimos sair do “mini-lago” sem deixar o carro morrer mas logo o Rodrigo falou: ” – rapaziada, tô com os pés debaixo da água, aqui atrás virou uma poça só”. Como já estávamos subindo a serra, não dava para parar o carro. A viagem foi muito tensa e perigosa, não parava de chover, eram umas 2 horas da manhã quando pedi para o Rodrigo levar o carro porque eu não agüentava mais de sono. Fomos chegar ao Abrigo do Pântano (nosso destino), as 3:30 da manhã. Chegamos e fomos logo dormir.
Na sexta feira pela manhã acordamos com o barulho da chuva, resolvemos dormir mais um pouco e ver se conseguiríamos escalar depois do almoço.
À tarde seguimos para a Pedra do Elefante, a idéia era entrar na 5 e 15 , mas quando chegamos vimos que essa via estava muito molhada, então resolvemos fazer a Vulcano , o Celso e o Rodrigo escolheram uma via ao lado da nossa.
Entrei guiando na primeira cordada, cheguei na primeira parada e logo em seguida chegou o Celsinho, olhamos para o lado e vimos o tempo completa mente fechado e a chuva se aproximando, o Rodrigo e o Otaviano escalaram bem rápido até a primeira parada. No platô, tinha uma fenda que cabiam os quatro de pé com a cara para parede, logo que entramos na fenda desabou água, acho que a chuva durou uns 5 minutos em quanto estávamos abrigados na parede.
Assim que deu uma trégua, rapelamos correndo para se abrigar em baixo da lona que estava na base da via, na base da via tivemos que esperar mais de 1 hora a chuva passar para irmos em bora.
No refugio do Pântano não restou alternativa além de fazer uma janta, tomar cerveja e bater papo.
Sábado de manhã, já estávamos desanimados. Mais chuva! Iríamos esperar ate a hora do almoço, se não melhorasse a gente iria voltar para Curitiba. Finalmente a chuva deu uma trégua e então, resolvemos ir para a Pedra do Pântano que fica atrás do refúgio. É perto e tem várias vias de escaladas.
Fomos para a base da via Nirvana. A primeira cordada foi do Otaviano, quando comecei a guiar a segunda cordada o Celsinho e o Rodrigo também entraram na Nirvana. Para chegar no cume da Pedra do Pantano por essa via, são quatro cordadas. Uma via bem gostosa de fazer, proteções em móvel, alguns lances mais expostos. Pra quem guia, é bom estar com o psicológico em dia rsrs.
Todos rapelaram e retornamos para o abrigo, na trilha já pegamos noite.
Para comemorar o tempo que abriu com direito até a sol, fomos até o centro de Andradas para comer pizza e tomar algumas cervejas. Rimos muito nessa noite. Era a primeira vez que eu saia com o Rodrigo, figura muito animada, me diverti muito com ele, Otaviano já e meu parceiro já faz algum tempo, já conheço suas manias e sempre nos divertimos muito em nossas viagens. Devo conhecer o Celsinho a mais de treze anos e ele continua o mesmo bagunceiro, fanfarrão e parceiro para qualquer coisa. Como ninguém é mais adolescente e tem toda aquela energia, resolvemos ir descansar pois no próximo dia queríamos escalar e o retorno para casa era bem longo.
Domingo
Saímos cedo do abrigo porque tínhamos que pegar a estrada o quanto antes para ir embora, infelizmente o Rodrigo não pode nos acompanhar devido ao seu joelho estar doendo para caminhar.
Fomos em direção ao Morro do Boi. Quando vc olha o Morro da estrada parece que em quinze minutos vc vai estar na base da via, mas não se iluda, a caminhada levou mais de uma hora para chegarmos à parede. Iríamos escalar a via Suprema Cubana. O Otaviano começou a primeira cordada, mas a via era mais forte do que a gente esperava. Se tivéssemos o dia todo, até daria para entrar nela, mas estávamos em três e tínhamos que voltar logo para o abrigo, então resolvemos fazer a Solaris que ficava quase ao lado de onde estávamos.
Eu fui o primeiro a entrar na via guiando, as primeiras proteções eram em móvel, depois que passei a única proteção fixa onde era o crux da via, escalava mais um pouco e protegia com um móvel pequeno, depois dessa peça,fazia uma transversal pela direita até a entrada de uma chaminé, essa bem suja mais bem tranqüila para guiar, o problema era que tinha que sair da chaminé, fazer mais uma transversal agora para esquerda para daí chegar à primeira parada. Meu cagaço era que fazia tempo que eu tinha colocado a última proteção e não podia nem pensar em cair.
Não sou um escalador nato e também não muito dedicado, tento escalar o suficiente para fazer algumas paredes que tenho vontade, não gosto muito de escalada esportiva. O êxtase pra mim são grandes paredes com o final no cume. Essa via foi uma das que eu mais gostei até hoje, várias cordadas, dificuldade mediana, esticões. Não passei até agora de E3, mas fiquei bem à-vontade em guiar nessa exposição.
No cume, algumas fotos rápidas e procuramos a linha do rapel para ir embora. Já eram 3 horas da tarde e a gente ainda estava no cume. Uma das coisas que estávamos com pressa também, era pela falta de água, até que levamos bastante água para cima, mas o calor infernal que estava fez com que consumíssemos mais água do que tínhamos planejado.
Depois de vários rapeis, arrumamos tudo e descemos quase que correndo até o carro. No abrigo meio que jogamos as coisas no carro e fomos embora, no primeiro lugar que passamos que servia lanches tivemos que parar e comer alguma coisa, todos estavam morrendo de fome.
Pelo menos na volta não choveu, mas mesmo assim foi uma viagem cansativa, deixei o Celsinho e o Rodrigo em Morretes antes de ir para Curitiba, fui chegar em casa as 4:30 da manhã. As 8 horas eu já estava na empresa para trabalhar.
Otaviano, Celsinho e Rodrigo, valeu pela viagem, me diverti muito, um grande abraço.