Última Terra de Marlboro
Terça-feira chuvosa, quarta-feira perfeita, e a previsão indicava uma quinta-feira mais perfeita. E o melhor, com rocha seca para escalada.
Não são muitos que conseguem em pleno dia de semana, escapar para escalar no Marumbi, mas mesmo assim conseguimos fechar duas duplas.
Foi escolhida a via no dia que antecedeu a partida. Fiquei muito ansioso ao saber que iriamos entrar na Última Terra de Marlboro – 201 m – VII A1 (VII A0) E3 M2. Uma via que há muitos anos eu tinha vontade de fazer, desde o tempo que eu apenas caminhava no Marumbi. Quando passava pela trilha Noroeste e via alguns escaladores na Terra de Marlboro, eu ficava fascinado pelo visual e pelo contexto daquele lugar, parecia uma escalada muito tesão de se fazer. Mas, levou alguns anos pra eu ter a oportunidade de entrar nela.
Madruguei, peguei o Mauricio Caminha e seguimos para Morretes encontrar com o Celsinho e o Rodrigo Gouveia.
Chegamos rápido na base da via, e ainda estava muito ansioso para escalar a Terra de Marlboro, mas quando me encordei e comecei a brincadeira, o negócio foi relaxar e aproveitar aquele dia perfeito.
Eu e o Caminha fomos à primeira dupla a entrar na parede. O Caminha puxou a primeira cordada, mas apesar de nunca ser tranquilo escalar no Marumbi, a coisa estava fluindo bem.
A segunda cordada foi minha, saí escalando da parada, subi um pouco, meio que no perrengue protegi com um móvel, subi mais um pouco e tive uma queda. A única peça que eu coloquei acabou sacando, e eu passei pra baixo da parada onde o Caminha me dava segue.
Antes que eu começasse a ficar com o cú na mão, achei melhor tocar direto, sem proteger porra nenhuma e seguir até a primeira proteção fixa, que estava um tanto longe da parada. Mas essa foi a melhor decisão tomada no momento, pois depois consegui ficar bem mais relaxado.
A terceira cordada também alucinante! O Caminha mandou muito bem na guiada. No platô esperamos a outra dupla que vinha logo em seguida, e achamos melhor baixar dali mesmo, pois não tínhamos cliff para as duas duplas, e sem isso não dava para sair no cume. Então rapelamos e baixamos o mais rápido possível, para não pegar a trilha a noite. Mesmo assim tivemos que usar as lanternas chegando em Engenheiro Lange.
Pra mim, o dia foi um tesão! O tempo estava perfeito, com boas companhias, e a realização de uma das vias que há muito tempo tinha vontade de fazer.