BANFF 2013 – Um imprevisto na escalda do Rio
Parece que aonde Curitibano vai leva a chuva com ele, planejamos com certa antecedência a viagem para o Rio de Janeiro, é claro que dois dias antes da nossa partida a previsão era pra chuva no nosso destino.
Eu pelo menos não tinha escapatória, teria que ir para o Rio por causa da reunião da CBME (Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada), em paralelo ocorre o BANFF (BANFF MOUNTAIN FILM FESTIVAL), somente esses dois eventos já vale a pena a viagem.
Saímos de Curitiba com o carro cheio, eu, Juliano, Lucas e o Tchiba.
Três dias de estadia era o que tínhamos, o Alisson chegaria de avião na sexta a noite para se juntar com o resto do pessoal.
Na sexta feira acordamos cedo no hostel loucos para escalar qualquer coisa, escolhemos a via Heineken no Pão de Açúcar que ficava bem próximo da onde estávamos.
Na verdade iríamos até a base da via para saber como estava, escolhemos uma via mais fácil devido à quantidade de chuva que tinha caído no dia anterior.
Puxei a primeira cordada junto com o Tchiba meio que fora da linha original da via por causa da pedra que estava bem molhada.
Pelo que vimos no croqui e o que estávamos vendo na rocha, a linha da via aparentemente estava seca.
A primeira parada era confortável, eu estava bem posicionado para dar segue, apesar do Juliano ser o parceiro de cordada do Lucas, acabei me oferecendo para fazer a segurança do Lucas que ia puxar a segunda enfiada.
O inicio da segunda cordada foi tranquilo, o Lucas estava seguro e confiante para guiar, costurou em três proteções e sumiu do nosso campo de visão.
De repente escuto um grito ao longe “queda”, automaticamente travei a corda e esperei o tranco, mas não vi a corda travar e sim vi a corda descendo muito rápido, dali alguns segundos vi a uma cena que provavelmente nunca mais irei esquecer, o Lucas apareceu voando de trás da barriga que alguns minutos antes ele tinha desaparecido, só que agora o vi caindo quicando na parede, passou pela nossa parada parecendo um foguete descontrolado numa velocidade impressionante.
Depois de quase trinta metros de queda o Lucas parou pra baixo da nossa parada, rapidamente eu e o Juliano começamos a rever todos os procedimentos de segurança para chegar até o Lucas e saber como ele estava. Pelo tamanho da queda eu tinha certeza que ele estava todo quebrado.
Em quanto eu fazia algumas ancoragens e deixava todo mundo seguro, o Juliano desceu até o Lucas e rapidamente iniciou o atendimento primário para acidentes.
Inacreditável, o Lucas aparentemente não tinha quebrado nada, mas estava bem ralado, em acordo com todos resolvemos nos mesmos tirar ele dali o mais rápido possível, sabíamos que a hora que a adrenalina passasse e o corpo esfriasse ele sentiria muita dor.
A descida foi dolorida, mas em duas horas estávamos na Praia Vermelha. No hospital foi outra história que precisaria um texto só para os ocorridos enquanto esperávamos a saída do Lucas.
O importante foi que o Lucas não teve nenhum trauma sério, vai ficar com alguma cicatriz, mas isso é nada para quem caiu tanto.