Pico Paraná com muitos raios
Já que o tempo não estava bom para escalar resolvemos dar uma caminhada, na verdade o tempo estava tão ruim que até para caminhar tava meio foda.
Seguimos pra Serra do Ibitiraquiri com a intenção de subir o Pico Paraná, já fazia muito tempo que eu não andava por aquelas bandas.
A subida até o abrigo dois foi bem tranquila, quando se reuni a piazada o que não falta é assunto para conversar ou debater alguma coisa.
Encontramos poucas pessoas indo para o PP, coisa difícil de acontecer já que esse lugar hoje é um dos mais frequentados pelos montanhistas principalmente os mais novos.
No abrigo 2 vimos nuvens bem carregadas vindo em direção a serra, calculamos que daria tempo de subirmos até o cume e retornar até aquele ponto antes que a chuva nos pegasse.
Estávamos subindo bem rápido pela crista e quase chegando no cume falso do PP tivemos um outro ângulo de visão que dava pra ver nuvens bem mais carregadas que vinham por de trás da montanha e já estava praticamente em cima da gente.
Os três olhavam com aquela cara de “fudeu” pro horizonte quando vimos um raio cair e um segundo depois do clarão escutamos um estralo no corpo acompanhado de um pequeno choque.
Eu, Alisson e Lucas corremos para um buraco entre as pedras e a pouca vegetação que tinha, nesse momento a chuva veio com toda força.
A cara de assustado dos três marmanjos empilhados uns nos outros foi muito engraçado. Alguns minutos depois mais um clarão acompanhado de um estrondo e novamente sentimos uma descarga elétrica pelo corpo só que agora bem mais forte que a primeira.
Que situação filha da puta, não dava pra sair, não tinha lugar melhor pra se esconder, já estávamos todos encharcados e mesmo escondido ainda levamos um puta choque.
Começamos então a conversar com o que tínhamos que fazer caso a descarga elétrica fosse mais forte e acontecesse alguma coisa com um de nós. Enquanto tentávamos chegar em um consenso outro raio só que dessa vez deixou a gente realmente com medo.
Eu que estava agachado com as pernas dobradas tive a minha perna direita lançada involuntariamente para frente como se estivesse dando um chute, ali fiquei com o cú na mão. Alisson e Lucas também sentiram que essa descarga foi muito mais forte que as outras duas.
Ficamos meia hora naquele terror, então a chuva diminuiu e decidimos sair do buraco e descer o mais rápido possível antes que os raios voltassem. Ficar ali não dava mais, não sabíamos quanto tempo ia durar a chuva e nosso corpo já tinha esfriado e tremíamos feito uma vara verde de tanto frio.
A descida até voltarmos a floresta que ficava próximo ao abrigo 1 foi sem conversa e caminhávamos o mais rápido que conseguíamos.
Depois que estávamos em segurança e ficamos mais relaxados começou as piadas um da cara do outro, pois lá em cima todos ficaram com cara de bunda e bem preocupado com a situação.
Não sei se vamos deixar de ir pra montanha com tempo ruim, mas que aprendemos que não se brinca com raios isso aprendemos com certeza.