Travessia Ciririca por cima de ataque
Nessa última semana eu e a Michelle batemos o martelo sobre nossa próxima expedição para escalada em alta montanha. Cronograma de treino indoor pronta e relação de travessias de ataque também já listada.
Para mim me ajuda bastante a fazer longas travessias de ataque, além de testar o condicionamento físico também testa o psicológico, ou seja, o quanto você aguenta se foder sem ter escapatória.
Escolhemos a travessia do Ciririca por cima para ser o nosso ponto de partida, além do desafio de ser uma caminhada bem pesada tínhamos uma das travessias mais bonitas da região para aproveitar o dia de céu azul.
Nesse relato vou especificar bem os horários até o Ciririca para servir de referência para caso alguém queira fazer essa caminhada, que vale muito a pena.
Iniciamos a travessia na Fazenda da Bolinha as 9:25 da manhã, escolhemos sair um pouco mais tarde pois já sabíamos que a pegada ia ser bruta e não adiantava querer começar muito cedo e já cansado por uma noite mal dormida.
A estratégia era caminhar sem pressa, pois sabíamos que iríamos caminhar a noite, a ideia era não forçar muito de início para não se desgastar e também para avaliar nossa resistência para longas caminhadas.
As 10:30 chegamos na bifurcação do Camapuan com o Ciririca, mais 25 minutos estávamos na base da rampa que leva ao cume.
No cume do Camapuan ventava muito, era 11:35 da manhã e resolvemos tocar direto para o cume do Tucum para fazer nosso lanche, chegando nessa segunda montanha as 12:10.
Fotos, lanche e um breve descanso, o dia realmente estava um tesão para fazer essa travessia.
O próximo ponto de referencia era a bifurcação do Serro Verde com o Luar, levamos uma hora para fazer esse trecho.
Desse ponto pra frente sempre foi meio sofrido de fazer por causa do mato fechado até o cume do Luar, mas deve ter bastante gente passando por ali porque a trilha está bem batida e os matos não atrapalharam tanto, como de costume.
Chegamos no cume do Luar as 15:20, ali o horário já começava a me preocupar um pouco, tinha muito chão pela frente ainda.
A descida do Luar é simples, dá pra ver do cume o rasgo que a trilha faz no campo de altitude, percebi que tem algumas erradas mais nenhuma leva muito longe.
Quando a trilha realmente sai do campo e entra na mata, dá pra ver um pequeno riacho, chegamos as 16:00 horas nesse local. Atrevesse o riacho e siga pela trilha a esquerda seguindo o fluxo da água. Não tem como dar ponto de referência a partir daí, mas tome muita atenção na trilha e nos poucos pontos sinalizados que tem, o lugar é meio estranho mesmo até chegar na última chance do Ciririca, último ponto de água para quem vai dormir no cume, onde chegamos as 17:00.
Uns 15 minutos para comer alguma coisa e tocar pra cima, também ultima avaliação com a Michelle para saber como nós dois estávamos fisicamente e a conclusão não foi das melhores, ela com o joelho começando a inchar e eu com meu velho problema no pé começando a incomodar.
Tocamos até o cume do Ciririca em um tiro só aproveitando os últimos raios de luz que o sol proporcionava.
Chegamos exatamente as 18 horas e 20 minutos no cume do Ciririca atingindo nosso objetivo principal, agora só faltava voltar para Fazenda da Bolinha.
As 19 horas iniciamos nosso retorno de baixo daquele céu estrelado e de muito vento, apartir desse momento não calculei mais tempo de nada, o cansaço e a fadiga começaram a bater forte assim como a minha dor no pé e o joelho da Michelle.
A volta do Ciririca não é só descida, tem muita subida também, cada ponto de referência era um a menos que eu tirava da cabeça.
Chegando no Poço das Fadas o sono começou a pesar muito, não quisemos nem parar para não dormir sentado.
Bifurcação do Camapuan, graças a Deus! Como demorou para chegar nesse lugar.
Eu já estava preocupado com a Michelle que ali já andava com a perna meio travada por causa do joelho. Parar para descansar já não estava mais sendo cogitado, nem me lembro onde foi o último ponto que paramos, a única coisa que faziamos era andar e de vez enquando resmungar por causa dos insetos que ficavam enchendo o saco na frente da luz da lanterna.
A 1:00 da manhã chegamos na Fazenda da Bolinha, ali totalizando 15:30 minutos da caminhada para completar nossa trevessia.
Michelle como sempre muito durona, não reclama e nem desiste, ótima parceira para se enfiar nas roubadas.
Valeu pela parceria minha Lindinha, o dia foi um tesão e começamos muito bem nossa preparação para o final do ano, bora treinar!!!!!!