Tentando escalar no Marumbi!!!
Subi o vale em direção a Cachoeira Seca de teimoso, dias e dias de chuva sem poder escalar te deixa muito na fissura, eu precisava pelo menos tentar escalar alguma coisa, e a via Zizipin é uma alternativa rápida. João que nos acompanhava nesse feriado de carnaval não conhecia nada no Marumbi, no mínimo daria um passeio pelo Vale da Oeste.
A subida até a base da via foi demorada, todo cuidado devido as pedras escorregadias que a todo estante tentavam nos levar pro chão.
Chegando lá, é claro que os primeiros metros da via estavam molhados, não tinha outra alternativa a não ser artificializar o início, que logo em seguida a pedra fica um pouco mais seca. Da primeira parada dei segue para o João e logo em seguida para Michelle, foi engraçado ver a saída deles, pareciam um peixe tentando sair do anzol de tanto que se batiam.
Desse ponto dava para ver quase toda a linha da via, aparentemente seca, tirando apenas um “babado” que tinha na próxima enfiada, como esse outro trecho é quase todo na horizontal não tinha como desviar. Comecei guiando com toda cautela, dois metros depois que protegi a primeira chapa era nítido que a rocha estava molhada e escorregadia, tentei várias vezes alcançar a próxima proteção que não estava longe, mas só alcançaria seu eu tivesse um braço com uns 3 metros talvez.
Voltei para última chapa e pedi para Michelle me baixar uns 5 metros. A ideia era ter corda o suficiente para fazer um pendulo, passando a parte lisa da pedra. Depois de várias tentativas consegui o que queria, mas ai surgiu um outro problema, eu não podia cair se não faria um pendulo inverso e só pararia em um diedro que poderia machucar.
Já estava ali mesmo, não custava tentar. Escalei com toda concentração, eu via chapa que eu queria chegar alguns metros acima, bem na minha reta, cada vez que fazia um movimento meus pés pareciam que não iam ficar. Parei muito perto da chapa, bem aonde a pedra fazia uma barriga, a aderência na sapatilha estava no limite, estiquei o braço e ainda faltava um palmo para costurar. Me ajeitei e tentei novamente, três dedos para alcançar. Antes de tentar um lance um pouco mais arriscado olhei para baixo e analisei o risco da queda, realmente não ia ser nada bom se eu caísse ali, mas como já estava na merda. Me ajeitei mais uma vez e num só movimento dinâmico consegui costurar e ao mesmo tempo já segurar na costura para não cair, como suei para fazer esse lance!!! O restante da escalada até a P2 foi tranquilo, agora era só ver os outros dois se baterem para fazer essa enfiada.
Assim que o João chegou na P2 comigo vi a chuva chegando, o céu escureceu muito rápido e em questões de minuto a chuva chegaria.
Baixei a Michelle de baldinho e logo em seguida o João rapelou. Enquanto eu arrumava meu freio a chuva chega com toda força. Eu escutava alguma dupla de escaladores gritando um com o outro no Parque do Lineu, não consegui intender o que falavam, só sei que berravam muito.
A descida foi calma e tranquila, a chuva foi embora na mesma velocidade que chegou.
O mais divertido de tudo foi a euforia e alegria do João, era a primeira vez que fazia uma escalada tradicional, mesmo não completando curtiu muito. Para um escalador esportivo, uma tentativa de escalada tradicional foi de muitas novidades.