Não é sempre que da certo!!!!
Ás 14 horas em ponto começamos a caminhar na Fazenda do Rio das Pedras, meu grande amigo Bolívia, vulgo Leandro, fez o favor de nós levar de carro. Estávamos no horário, com tudo que precisávamos para passar muitas e muitas horas caminhando.
Durante todo o percurso na Picada do Cristóvão o ritmo foi tranquilo e constante, eu tinha que poupar forças, qualquer economia de energia poderia fazer a diferença no final da travessia de ataque.
Subimos o cume do Ferreiro sem problema algum, Raphael e André estavam muito bem, a única coisa que não parecia estar muito bem era a previsão do tempo. Descida do Ferreiro e travessia do colo passou que nem vimos, clima animado entre todos e focados no nosso objetivo maior.
Quase chegando no cume do Ferraria presenciamos um pôr do sol que a tempo não via, mar de nuvens, o sol se escondendo no horizonte completava uma obra de arte perfeita. Ficamos ali por alguns minutos apreciando tudo aquilo antes de continuarmos nossa caminhada, nesse momento acreditava fielmente que daria tudo certo.
Logo que passamos o cume do Ferraria a coisa mudou da água pro vinho, a temperatura caiu muito, uma neblina acompanhada de uma forte garoa limitava nossa visão a poucos metros, até ai sem problema, pois já conhecíamos aquela trilha muito bem.
Chegando próximo ao cume do Taipa, quando saímos da mata fechada, a coisa parecia que só piorava. Para complementar todo o cenário agora ventava muito, nossas lanternas iluminavam um breu branco e nada mais. Quando sentamos um pouco abaixo do cume para descansar percebi que infelizmente minha ideia original de uma grande travessia de ataque não ia rolar.
Em quanto descíamos em direção ao rio do Caratuva fui pensando o quanto valia a pena continuar ou não. Racionalmente sabia que a chance de concluir a travessia de ataque, era remota com aquele tempo, além de já fazer algumas horas que estávamos andando completamente molhados, também tinha o risco de dar alguma merda com aquele tempo muito ruim. Mas o sentimento de abortar era muito doido, passei 2 meses me preparando e planejando essa caminhada, algumas investidas na região, além das várias pessoas envolvidas no grupo de apoio que acompanhavam nossos passos esperando as próximas orientações, mas a experiência me dizia “porra Natan, vc sabe que continuar nessa travessia é forçar muito a barra, volte embora, é o mais seguro e sensato”. Isso foi martelando na minha cabeça até chegar ao Rio do Caratuva.
Na parada para descanso comuniquei ao Raphael e ao André que não continuaria, sem pensar muito os dois concordaram comigo. Só tinha um pequeno problema, o Israel que não pode começar a caminhada com a gente as 14 horas, subiu mais tarde e iria se encontrar conosco no cume do Itapiroca para dali continuar a caminhada, e pelo horário ele já devia estar lá esperando.
Foi uma decisão bem democrática rsrs, eu e o André votamos no Raphael para ir chamar o Israel no Itapiroca, para retornarmos a Fazenda Rio das Pedras. O novato aceitando a “justa” votação acabou subindo.
Eu e o André esperamos no cruzo do Caratuva até os dois descerem, espera sofrida, parado a noite, molhado da cabeça aos pés com aquele frio, foi foda, quase me arrependi de não ter ido buscar o Israel em vez de ficar ali congelando.
Depois de reunir os quatro integrantes, retornamos em um ritmo bem acelerado até a fazenda, na descida comunicamos por celular a equipe de apoio que estávamos abortando a travessia e que no dia seguinte daríamos um jeito de retornar para Curitiba.
Depois de comer alguma coisa tentei me ajeitar da melhor forma possível para passar a noite naquele chão frio no quiosque da fazenda, como ninguém tinha levado nada para passar a noite, pode ter certeza que foi uma longa noite para todos nós.
Projetos audaciosos tem grande chance de não dar certo, mesmo com muito planejamento, e dessa vez tomei na cabeça rsrs, não é sempre que ganhamos …