Trio na via Bandeirantes – Marumbi

Tudo certo para escalada no Marumbi, equipamento separado e parceria certa. Claro que a previsão no Marumbi não colaborou, durante a noite choveu e acabou com a possibilidade da gente pegar alguma parede, certeza que estaria tudo molhado.

Para não ficar só na caminhada, surgiu a ideia de fazermos uma escalaminhada no Abrolhos. A via Bandeirantes tem dois lances de escalada bem fácil,  dá até para solar sem problema, o resto é um trepa mato.

Era a primeira vez que nossa amiga Edelin fazia alguma coisa no Marumbi, estava empolgada e animada com tudo.  

A subida até o Parque do Lineu foi bem tranquila, o dia estava nublado e um pouco abafado, mas bem agradável para atividade. 

O início da Bandeirantes fica bem à esquerda do Parque do Lineu, acho que os primeiros metros são os mais exposto até chegar no primeiro e único grampo desse trecho.

A escalaminhada pelo mato e alguns lances de trepa pedra se dava a muita conversa e risadas, me diverti muito com a Edelin e a Carol.

Logo que fizemos a transversal da via e passamos o último lance antes de seguir para o cume, do nada o tempo abriu, era um mar de nuvens lindo, que de vez em quando abria alguns buracos entre todo aquele branco e conseguimos ver trechos da serra do mar.

Seguimos pela trilha apertada entre a vegetação, contemplando aquele visual fantástico que o dia nos proporcionou. Durante a caminhada percebi que a Edelin parou, ficou por alguns instantes olhando o horizonte fixamente, e aos poucos as lágrimas no seu rosto começaram a escorrer. Fiquei ali admirando ela emocionada, e refletindo sobre aquele momento. 

Confesso que me bateu uma pontinha de inveja da Edelin, a sensibilidade dela chegar ao ponto de chorar naquele momento, não sei na verdade qual era o sentimento, mais sabia que era um sentimento de felicidade. Esse sentimento é uma coisa cada vez mais difícil pra mim, não que eu tenha me tornado uma pessoa dura, mas esses momentos mais emotivos são cada vez mais raros,  preciso me arriscar mais, fazer coisas cada vez mais duras e complexas para me emocionar assim, como um viciado que precisa aumentar cada vez mais a dose da sua droga para ficar “chapado”. Hoje me satisfaço presenciando a emoção alheia rsrsrs

No cume, mesmo tendo presenciado um momento sentimental e contemplativo, meu lado maloqueiro falou mais alto, não teve como eu não fazer piadas do lanche que a Edelin levou, sementes e produtos “naturebas” que são politicamente corretos. Carol, amiga de longa data e maloqueira tanto quanto eu, entrou no mesmo embalo de fazer bullying com a sensível Edelin.