Via Paredão Norte – Torre dos Sinos – Marumbi-PR

Vários amigos já tinham me falado do Paredão Norte da Torre dos Sinos, escalada clássica e de pura diversão, mas que fisicamente era bem exigente.

Enquanto preparava meu café às 5 horas da manhã, estava repassando a estratégia de tempo e locais que deveria fazer até chegar na base do Paredão Norte.

Jhonatan que seria meu parceiro nessa escalada parecia estar muito empolgado e talvez até um pouco apreensivo. Era a primeira vez que estava escalando comigo e também debutando no Marumbi.

As 6 horas em ponto começamos nossa caminhada saindo da Vila do Marumbi pela trilha Noroeste. Quando encostamos no primeiro trecho mais íngreme da trilha saímos a direita sentido Paredão Preto. Ainda noite e com a trilha bem úmida devido ao orvalho da noite seguimos sem pressa para cima, mas em um ritmo constante.

Mais próximo ao Paredão Preto seguimos a direita da bifurcação sentido Vale da Oeste, e alguns minutos à frente encontramos o vale.

Eu não tinha certeza se teria água nesse vale, geralmente tem, mas devido a falta de chuvas dos últimos tempos achei melhor não arriscar, e realmente só tinha um filete de água que não sei quanto tempo vai durar.

Era 6:50 da manhã, esse era o nosso primeiro “crux”, achar a entrada da trilha que dava acesso para as cordas fixas.

Eu tinha três relatos em áudio descrevendo todo o percurso. Engraçado como a percepção do mesmo lugar é muito diferente entre cada um. Agradeço imensamente os betas do Paulo Mengue, Murilo e Gustavo, foi fundamental todas as  informações descrita por vcs.

Uma errada aqui, outra ali, perdemos uma meia hora para achar o local certo, mas de tanto bater o local o Jhonatan gritou pra mim que estava pendurado em outro canto, “Natan, acho que encontrei o caminho”.

Subindo o Vale da Oeste, logo que eu tenho as duas paredes ao meu redor, do lado esquerdo o Abrolhos e do lado direito a Torre dos Sinos vai ter uma pequena rampinha na rocha com a cor meio amarelada com uma “mini” caverninha (foto a baixo), subindo essa pequena rampa e seguindo a falha nos matos já fica nítido o rastro de trilha a frente, fora algumas marcações com fita amarela.

A trilha sobe na diagonal a direita, logo vai ter uma corda fixa, a primeira de várias. As primeiras são curtas com alguns “nozinhos” para facilitar a ascensão. Logo a frente vai ter uma corda fixa dentro de uma canaleta, essa é mais longa e mais íngreme que precisar de um Jumar. Uma boa dica que o Paulo Mengue me passou foi de usar apenas um dos aparelhos do Jumar, usar os dois vai atrapalhar mais do que ajudar.

A trilha é óbvia e vai intercalando com as cordas. Quando der de frente com uma pequena parede, o correto é ir para esquerda dessa parede, vc vai encontrar um rastro a sua direita até mais batida, mas siga bem a sua esquerda e logo a frente vai ter outra corda fixa. Seguindo a trilha e as cordas fixas vai dar no Platô da Angelina.

Chegamos no platô era 8:45 da manhã. Uma pausa rápida para hidratar e comer alguma coisa.

Do platô tem uma corda fixa descendo, usamos nossa própria corda para rapelar uns 20 metros até o platô de baixo onde dá acesso realmente ao início da Paredão Norte.

As 9:30 da manhã inicia a escalada. Linha óbvia de paliteiro até a P1, não tem o que errar. Quase chegando na parada passe pela direita da árvore, vai ser melhor para dar segue depois.

A saída da P1 para próxima enfiada é por uma corda fixa vertical, duas proteções em grampo “P” meio podre é o que vai ter para fazer a segurança. Saindo da corda fixa e passando um trepa mato, vai ter em uma pedra de uns 3 metros mais ou menos, uma peça nessa pedra ajuda, pois vc vai estar sem proteção nenhuma. Assim que ganhar o lance da pedra sai a direita da árvore por uma linha de taquara um pouco mais inclinado, é só seguir que logo a frente vai chegar na P2 do Paredrão Norte que é a P9 da via Los Encardidos.

A próxima enfiada é meio pesada. Um paliteiro de grampo em um diedro de mato em uma cordada de 55 metros faz dessa enfiada bem cansativa, ou talvez eu estivesse meio fora de forma e tenha achado isso. Levei quase 1 hora nessa enfiada, o Jhonatan também.

Na P3 do Paredão Norte (P10 da Los Encardidos) tínhamos a opção de seguir pela Los Encardidos para conhecer o Sino, depois rapelar e ir embora, ou finalizar o Paredão Norte e sair pelo cume da Torre dos Sinos.

Decidimos finalizar a via e sair pelo cume, a questão era que para os amigos que me passaram a digas da via nenhum tinha continuado desse ponto, eu não sabia o que tinha pela frente, nem o croqui falava alguma coisa. Eu só sabia que para continuar o Paredão Norte tinha que seguir pela esquerda e não tinha nenhuma chapa para orientar.

Falei para o Jhonatan que ia tocar, se ficasse ruim depois da virada da aresta eu tentaria voltar de algum jeito. Chegando na virada da aresta deu para ver que para cima seria muito tranquilo, muita taquara, poderia até ser ruim para passar, mas não teria problema com segurança. Uma viradinha meio esquisita que protegi com uma peça menor em uma fenda suja que não serviria para muita coisa, mas para o psicológico sempre é bom né …

Logo que passa a aresta vira uma canaleta bem tranquila de subir, praticamente uma vale estreito. Achei uma árvore para fazer uma parada e chamei o Jhonatan. Desse ponto mais alguns metros por dentro do vale até a vegetação fechar por completo. Saímos pela direita e seguimos varando taquara e trepando em algumas pedras até chegar no cume da Torre dos Sinos, às 15:30 finalizamos nossa escalada.

Uma escalada de aventura bem divertida e cansativa, a enfiada no diedro de mato é muito bonita e cabreira. Jhonatan foi muito parceiro, para uma primeira escalada no Marumbi se adaptou muito bem.

Querendo passar um dia inteiro na montanha fazendo alguma coisa divertida? Paredão Norte da Torre dos Sinos é uma boa opção de diversão.