Pico Menor – Salinas – RJ
Um dia puxado e longo, acompanhado de duas noites mal dormidas dentro do carro me deixou quebrado. A subida do Dedo de Deus foi muito legal, mas eu precisava descansar um pouco.
Subi bem carregado até o camping do Mascarim depois de estacionar no início da estrada do Parque dos Três Picos. Uma caminhada curta pela estradinha acidentada que só passa veículos 4×4 com uma inclinação que lembra muito o caminho para o Marumbi.
A área de acampamento do Mascarim é muito agradável, lugar tranquilo, limpo e bem organizado. O anfitrião melhorando cada vez mais a hospedagem dos escaladores que ainda se aventuram pelas paredes de Salinas, agora tem até mini chalés para quem escolher um pouco mais de conforto.
Devido ao cansaço e correria dos últimos dois dias estávamos sem muitas pretensões. Montar as barracas, organizar tudo e descansar um pouco já estava de bom tamanho. Além do bate papo com o amigo Mascarim que sempre tem boas histórias para contar.
Já passava do meio dia, Luciana estava preparando a refeição enquanto eu e a Luiza incomodava a cozinheira, perguntando quando a comida estaria pronta. Na teoria não era para fazer mais nada além de ficar vagabundeando.
Mesmo de barriga cheia, um banho e largados no gramado, ficar olhando os Três Picos acabou atiçando a vontade de fazer alguma coisa.
Já fui várias vezes para Salinas, mas até hoje não tinha feito a caminhada até o Pico Menor e o Médio. Já passava das 2 horas da tarde quando tirei a preguiça de lado e resolvemos dar uma “caminhadinha” até o Pico Menor. Comparando aquelas montanhas de granito e principalmente olhando o Maior com o Menor, não parecia uma caminhada muito longa … mas como falei, só parecia fácil e rápido.
Logo no início da caminhada a placa de informação dizia 7 horas de caminhada, de ida e volta. Já sabia que estava subindo tarde, mas a ideia era tocar até a hora que achasse o suficiente e baixar.
Os primeiros 40 minutos foram tranquilos, caminhada leve e bem agradável. A Luiza reclamava de vez em quando que estava cansada do dia anterior, mas claro que ao mesmo tempo que eu ou a Luciana incentivamos, também era o momento para tirar sarro.
Chegando mais próxima da montanha a trilha ficou mais íngreme e exigente, foi um bom trecho de caminhada pesada até chegar no primeiro lance de aderência. Eram poucos metros de subida para passar esse lance, mas para quem não está muito habituado escalar aderência é bom estar equipado e encordado. Desse ponto para cima o caminho é uma mistura de trilha com escalaminhada, trechos bem íngremes e alguns lugares com apoio de degraus fixos deixam a subida do Pico Menor bem puxada e divertida.
As 17 horas alcançamos o cume do Pico Menor de Salinas, subimos melhor do que se esperava, mas não imaginava que toda a trilha seria puxada como foi.
Visual fantástico, um ângulo bem diferente do Pico Maior do que estava acostumado e, lá de cima, a diferença de altitude entre eles é muito pequena. Não tínhamos muito tempo para aproveitar o cume, o sol já estava querendo descansar e não queríamos chegar muito tarde na barraca, o dia seguinte seria puxado também.
Às 18 horas iniciamos o processo de descida, tentando ganhar tempo na caminhada para aproveitar ao máximo os últimos raios de sol. Já estava no lucro de conhecer mais uma montanha nova e pegar um dia lindo na montanha, para quem não iria fazer mais nada naquele dia, até que aproveitamos bastante.
Claro que na descida tinha que ter uma emoção a mais, um pequeno susto do trio na última rampa apimentou a caminhada, um dedo sangrando foi o suficiente para lembrar que precisamos estar sempre atentos. Uma hora e meia para descer até nossos aposentos e preparar uma bela janta, pois amanhã, vai ser mais um belo dia de sol e escalada.