Resiliência na montanha …
Durante todos esses anos na montanha, vi muita gente iniciar no montanhismo e depois de algum tempo sumir, deixando a montanha apenas nas lembranças. Os motivos são os mais variados, trabalho, filhos, faculdade, lesões, traumas, financeiro … enfim, são muitos os motivos que um montanhista deixa de ir para a montanha. Claro que muitos até tentam voltar depois de alguns anos afastados, mas a dolorosa realidade de um físico nada preparado e a falta de parceria, acaba sepultando a “carreira montanhistica”.
Raros são as histórias de retorno às montanhas com êxito e solidez.
Nesse sábado fui escalar no Anhangava com a Tayná Fernanda Vieira, mais conhecida com Tay, ela é uma das exceções de pessoas que voltaram para a montanha depois de um período parada.
Tay em novembro de 2018 sofreu um grave acidente escalando. Internada por dias, recuperação longa e dolorosa, a possibilidade de ficar com graves sequelas além dos vários pinos no corpo. Tinha muitos motivos para nunca mais querer saber de montanha e muito menos escalar.
Conheci a Tayná no início de 2021, umas das primeiras sócias do Clube União Marumbinismo e Escalada, nova de idade, mais velha de espírito rsrsrs … é uma das sócias mais presentes no clube. Sempre prestativa e parceira, acabou entrando como tesoureira da instituição e mais recentemente se tornou a nova diretora financeira da federação de montanhismo no Paraná.
Desde o início acompanhei a vontade de aprender, de estar na montanha, do regresso a escalada, superando a cada dia o trauma que passou. Em uma das escaladas que fiz com o clube em fevereiro desse ano, eu estava na segurança da primeira vez que ela guiou uma via após o seu acidente.
Hoje, tendo ela como uma parceira para escalar, fico contente em dividir a cordada com alguém que realmente fez a diferença, se superou e cresce a cada dia.
Ser e, se manter montanhista … não é uma coisa para todos.