Via Homem Pássaro – Pedra do Baú
A visita à São Bento do Sapucaí era uma atividade do Clube União Marumbinismo e Escalada. Vários sócios do clube não conheciam o complexo do Baú e esse feriado foi uma boa oportunidade para visitar a região.
Uma das vias que eu queria escalar nessa viagem estava localizada no Bauzinho, via Homem Pássaro 5° VIsup E2 150 metros, escalada dividida em 5 enfiadas com proteções fixas e móveis com uma orientação até que tranquila,
Meu amigo Raphael, mais conhecido como Índio, foi o meu parceiro para essa empreitada.
Sai logo cedo de carro do Camping em São Bento do Sapucaí em direção a entrada do parque no Bauzinho, antes deixamos um dos carros no estacionamento da Ana Chata para o retorno, Iury se prontificou em levar e voltar com o carro, já que nossa ideia era voltar pelo outro lado do complexo do Baú.
Logo que fomos deixados na entrada do parque o Índio olhou para as lanchonetes fechadas e fez uma cara meio desanimada e falou: “Achei que estaria aberto, precisava comprar alguma coisa para levar de lanche!”. Não devo ter feito uma cara muito feliz, mas avisei: “Se a gente economizar, acho que a comida que eu tenho resolve o problema”.
Seguimos caminhando pela estradinha até chegar na entrada da trilha, consultei mais uma vez as informações de acesso e começamos a descer. Eu particularmente sempre me bato para achar a base das vias no Baú, pra mim não fica tão óbvio o início das vias, e dessa vez não foi diferente.
Depois de apanhar um pouco para chegar na base da via, mas achamos o início que fica em um platô um pouco acima da trilha. O Índio se prontificou em puxar a primeira enfiada, com uma saída meio esquisita e com proteções móveis.
A via tem uma linha bonita, as proteções móveis são meio óbvias e segue com uma exposição razoável. Na 4° enfiada tive uma certa dificuldade em achar as proteções fixas, mas com calma e ganhando um pouco mais de altura consegui localizar todas as proteções.
No final da manhã chegamos no final da via que acaba no cume do Bauzinho. É estranho chegar e do nada dar de cara com muita gente no cume. Essa montanha tem um acesso muito fácil, assim, acaba tendo um visitação grande de turistas.
Fomos até a ponta do cume para achar algum lugar para rapelar até o Col. Eu não tinha certeza se teria alguma coisa, mas presume que deveria ter uma parada ali para isso. Bem no final do cume achei uma parada, dois grampos que até pareciam novos, mas estavam voltados para o lado norte da parede. Eu não tenho um conhecimento muito grande do Baú, e me pareceu melhor rapelar para a outra face. Como estávamos com cordas duplas, 60 metros seria mais que suficiente para chegar no Col.
Tudo deu certo conforme planejei, a parte ruim também foi como tinha previsto. Recolher a corda com aquele arrasto foi preciso fazer muita força até a corda estar no chão.
No Col seguimos pela via tradicional Cresta e depois a Normal do Baú para chegar no cume. Duas vias curtas e bem tranquilas, só tivemos que ter um pouco de paciência devido ao congestionamento de escaladores nessa via. Às 16 horas estávamos no cume do Baú, e devido ao horário, já não tinha mais ninguém no cume. Ficamos um bom tempo por ali aproveitando um visual diferente e analisando outras linhas de escalada.
Nesse período no cume apareceram 3 escaladores, 2 meninas e 1 rapaz novo. Percebi que estavam discutindo a melhor forma de descer. Depois de uma certa discussão, as meninas seguiram em direção ao caminho principal da Baú, o rapaz se aproximou da borda do cume com um parapeito de vergalhões e bateu sua solteira em um dos vergalhões, montou o rapel e desceu. Pela arrogância que o rapaz tratou as meninas que deveriam ser no mínimo conhecidas dele, achei melhor eu não falar nada e não me meter na merda que ele estava fazendo. A vida é dele e cada um sabe onde arde o próprio rabo. O que me deixou meio puto é a consequência para a comunidade de escaladores se um bosta desse morre. Já vi várias merdas de escaladores inexperientes em vários lugares, mas é incrível como em todas as minhas visitas no complexo do Baú eu presenciei alguma cagada.
Depois de presenciar essa “bela” cena, arrumamos nossas coisas e começamos a descer. Para nossa sorte já não tinha mais ninguém na montanha e não pegamos nenhuma fila. Em menos de 1 hora estávamos no estacionamento do Baú. Caminhos até o estacionamento da Ana Chata, pois pela manhã antes de subir para o Bauzinho, deixamos um carro ali para poder voltar.
Um dia inteiro na montanha com um belo céu azul. É de pouca coisa que precisamos para estar contente.