Nostalgia na trilha do Pequeno Polegar
Seguindo o cronograma de caminhadas do Clube União Marumbinismo e Escalada – CUME, a montanha da vez era o Pequeno Polegar. O Pequeno Polegar foi conquistado em 13/04/1996 por Cover (Giancarlo Castanharo), Tavinho (Gustavo Castanharo) e Rodrigo (Borrachudo) Trevisan. No entanto, não há registro claro da rota que utilizaram para alcançar o cume.
Com a rota original já não mais utilizada e sem rastros ou referências, em meados de 2007, o Nas Nuvens Montanhismo abriu uma nova rota para o cume do Polegar, que é usada hoje. Na época, o principal objetivo era abrir as pontas da Serra Farinha Seca para concluir a Travessia Alpha Jakaira. Mesmo depois de muitos anos, toda vez que visito o cume do Polegar, não consigo evitar uma nostalgia e recordar os bons momentos que tive com a piazada na abertura dessa trilha.
Com um dia bonito e um pouco de frio pela manhã, a turma do CUME estava motivada para a caminhada. Durante a subida do Mãe Catira, alguém mais atrás na fila chamou a atenção de todos perguntando se alguém havia perdido o celular. Todos imediatamente começaram a verificar os bolsos e mochilas para ver se não era o seu que tinha caído no caminho. O celular encontrado foi passando de mão em mão para tentar identificar a foto na tela de bloqueio, e para minha surpresa, aquela barba ruiva e cabeça desprovida de cabelo pertencia a um velho amigo. Por sorte, consegui devolver o aparelho para meu amigo, Otaviano, no dia seguinte.
Ao chegar à primeira janela do Mãe Catira, onde a trilha se bifurca à direita em direção ao Polegar, o local é ideal para um breve descanso, após uma subida de 1 hora e 40 minutos. Esta clareira já foi palco, em 2007, de uma performance um tanto exótica, talvez até ridícula para alguns, mas muito divertida e engraçada para a piazada do NNM.
Neste ponto, o cume do Polegar se torna visível, e já podemos identificar o vale que ainda precisaremos atravessar antes de subir pela última rampa entre as caratuvas. A trilha desce quase que em linha reta, em diagonal à esquerda. A maioria das trilhas abertas pelo Nas Nuvens segue esse padrão, nunca fomos muito de ficar fazendo “zigue zague” para acompanhar as curvas de nível.
Essa descida requer mais habilidade do que o normal para os caminhantes que por ali passam. Lembro-me da dificuldade que enfrentamos ao abrir essa descida, resultando em muitos arranhões, quedas e até na perda de uma máquina fotográfica, além dos gritos do responsável pelo azimute apontando com o braço: “…reto, reto. Não desce muito, é nessa direção, porra!”
No fundo do vale, o rio abundante é o local certo para fazer uma pausa, comer algo e repor a água necessária para continuar a caminhada, que, a partir deste ponto, é só subida até o cume. Após um total de 3 horas, chegamos ao Pequeno Polegar. Uma caixinha de cume instalada na pedra, com vista para a Serra da Farinha Seca, é o lugar ideal para ficar. Um pouco mais à frente, à esquerda, há outra “janela” com vista para as paredes do Morro 7; à direita, a trilha segue em direção à travessia do Farinha Seca.
Antes de partirmos, no cume do Polegar, olhando em direção ao cume do 00B, lembrei-me da história da sacola plástica branca. Estávamos dias a cortar a serra da Farinha Seca durante a Travessia Alpha Jakaira. Cruzar de ponta a ponta esta serra estava sendo muito mais difícil do que imaginávamos. Em certo ponto da travessia, entramos em contato com o pessoal de apoio do NNM e pedimos que abrissem uma trilha no caminho oposto, após o cume do Casfrei, para facilitar nossa saída. Rapidamente, Alisson e Bolivia se deslocaram para o cume do Pequeno Polegar. Passando o Casfrei, cume logo à frente do Polegar, e chegando ao ponto final da trilha aberta. A subida até o cume do 00B era um mar de Caraguatás gigantes, que poderiam fatiar qualquer um tentando atravessá-los. Os dois do NNM abriram o máximo possível antes de voltarem para Curitiba e, no final, amarraram uma sacola branca no ponto mais alto daqueles enormes Caraguatás. O grupo da travessia, exausto de abrir caminho e um tanto desmotivado pela progressão lenta, não acreditou quando alguém gritou: “Olha lá! A sacola branca que a piazada ia colocar no final da trilha!” Aquela mancha branca na imensidão verde era nosso “resgate”, pois indicava que o Bolivia e o Alisson haviam aberto e sinalizado mais um bom trecho de trilha, e dali em diante era só seguir caminhando.
O retorno da galera do clube foi rápido, sem paradas e num ritmo forte. Todos só pensavam em chegar o quanto antes para tomar uma Coca-Cola gelada e se refrescar no riozinho que corta a fazenda onde deixamos os carros.
Cada experiência é única e devemos aproveitá-la da melhor forma possível. Dos tempos da Alpha Jakaira até os dias atuais, muita coisa mudou, o Nas Nuvens Montanhismo amadureceu (até certo ponto rsrs), mas manteve sua essência. Talvez hoje em dia não consigamos estar juntos todos os finais de semana escalando montanhas, mas unidos, nunca deixamos de estar.
Vida longa ao NNM!
IMAGENS DA ABERTURA DE TRILHA DO PEQUENO POLEGAR 2007
17 ANOS DEPOIS …
ATIVIDADE DO CLUBE UNIÃO MARUMBINISMO E ESCALADA NA TRILHA PARA O PEQUENO POLEGAR.