Travessia Taipa, Ferreiro e Ferraria – atividade clube
Depois de quase um ano da fundação do Clube União Marumbinismo e Escalada vamos conseguir fazer nossa primeira atividade oficial. Foi quase um ano com decretos que fechavam as montanhas.
Há muitos anos que eu não caminhava com pessoas fora da minha rede de relacionamentos, queira ou não acabo me preocupando se vai dar tudo certo.
A escolha do que seria essa atividade não foi fácil, eu ainda não conhecia quem iria, qual era o condicionamento físico, se aguentaria ou não. Um passeio no parque também não é uma opção, não fundamos um clube com o intuito de levar pessoas passear e sim, tentar dar uma formação para que tenham condições técnicas e de conhecimento para fazer o que quiserem na montanha sem depender de alguém para levar, autonomia no montanhismo, isso que esperamos ensinar.
Combinei com a Bolívia que o nosso ponto de corte se alguém estivesse cansado e sem condições de tocar em frente seria o Taipabuçu, ele se comprometeu em descer com quem precisasse voltar.
Seguimos em um ritmo tranquilo até o cume do Taipabuçu. Era um bom momento para conversar e conhecer alguns que eu ainda não conhecia. Todos muito animados e empenhados na caminhada.
O tempo até aquele momento não estava lá aquelas coisas, a cada instante parecia que chegaria uma chuva para estragar com a atividade.
Quase chegando no cume do Taipa percebi que o Renato estava se esforçando bastante para manter o ritmo. Descobri durante a caminhada que era a primeira montanha que ele estava fazendo. O Taipa não é passeio no parque, chegar no cume dele já é uma caminhada considerável, principalmente para quem nunca subiu uma montanha.
No cume paramos um pouco para fazer um lanche e ter alguns minutos de descanso.
Quando começamos a arrumar as mochilas para voltar a caminhar percebi que o Renato também se preparava para seguir também.
Até aquela montanha já tinha sido um bom desafio para ele, dali para frente já seria imprudência ele continuar. Pedi para o Renato retornar com o Bolivia e a Angela, pois a caminhada pela frente seria bem mais puxada. Meio a contragosto se despediu do restante e retornou pelo mesmo caminho até a fazenda.
Eu, João e Rafaela seguimos agora na direção do Ferraria, ainda teríamos um longo vale para cruzar até chegar ao cume. Sentindo que os dois estavam muito bem, acabei acelerado o passo, queira ou não ainda tinha muita caminhada pela frente.
No cume do Ferraria vimos a chuva passar de um lado e o sol aparecer do outro. Acelerei os dois para descer, queria chegar o mais próximo da fazenda ainda de dia.
Na descida do Ferraria eu estava um pouco preocupado em cruzar o vale entre as duas montanhas. Passei por esse trecho algumas semanas atrás e o fundo do vale estava horrível de andar.
Mas tranquilo do que eu imaginava, passamos pelo fundo do vale sem muitas complicações, chegando no cume do Ferreiro cansados e sujos, mas ainda bem animados.
O sol estava indo embora, tínhamos pouco tempo de luz e eu queria chegar na trilha da Conceição ainda de dia. Acelerei mais ainda o ritmo da caminhada, já que os João e a Rafa caminhavam bem dava para abusar um pouco mais do ritmo.
A trilha da Conceição estava irreconhecível, praticamente varando mato em alguns trechos eu tinha que me orientar pelo relevo tentando me manter na trilha. Só precisou usar as lanternas depois de algum tempo já na Conceição.
Chegamos na Fazenda Rio das Pedras ainda não era oito da noite, Bolívia, Angela e Renato esperavam pela gente. Renato agradeceu por ter voltado do Taipa, relatou que chegou na fazenda muito cansado, passou quase uma hora deitado na grama se recuperando da caminhada.
Primeira atividade do clube realizada com sucesso e sem problemas, caminhada pesada e bem divertida, se queríamos passar alguma coisa legal e que não fosse passeio, acho que conseguimos atingir nosso objetivo para esse início.