Via Rodolfo Chermont – 4° V (A0/VI+) A0 D2 E1 – Salinas – RJ

Via Rodolfo Chermont – 4° V (A0/VI+) A0 D2 E1 – Salinas – RJ

5 de setembro de 2021 0 Por Natan

Salinas não é passeio, nada de outro mundo, mas é preciso saber o que está fazendo.

Era a primeira vez da Luciana e da Luiza, queria que a escalada para elas fosse apaixonante e não traumática. O Capacete para um primeiro contato seria o ideal, eu só precisava achar uma boa via para isso, e de preferência uma escalada que eu também não tivesse feito.

Conversando com o Mascarim falei da minha intenção de escalar a Sérgio Jacob com as meninas. De imediato ele falou “ Vá para a Roberto Chermont, para elas vai ser mais tranquilo e agradável para escalar”. Sem questionar a experiência do nosso Anfitrião, apenas acatei a sugestão e fui buscar no guia o que eu precisava de material para essa escalada.

Acordamos bem cedo para tomar café e arrumar tudo com tranquilidade e sem pressa. Estava tão tranquilo que acabamos saindo as 9:30 da manhã para o nosso destino. Caminhar dentro da floresta estava muito agradável, só fomos se dar conta do dia quente que estava quando ficamos expostos ao sol, já chegando na parede. Era o terceiro dia atividade e a fadiga começava a pegar, principalmente para a pequena Aprendiz de Roubadas.

Quando chegamos na base das vias já tinha gente escalando, tanto na Sérgio Jacob quanto na Roberto Chermont. Conseguimos observar a primeira enfiada que estávamos prestes a entrar, uma transversal tranquila e sem muito segredo.

Enquanto se equipávamos, e a dupla de escaladores que estava a frente, dava pra escutar a gemedeira e agonia do rapaz que puxava a segunda enfiada. Fiquei até meio cabreiro vendo o quanto estava se batendo para passar um lance de aderência um pouco mais delicado.

Assim que a dupla a nossa frente liberou a P1 comecei a escalar, lances tranquilos e sem muito segredo, um ou outro movimento de equilibro apenas. As meninas também subiram sem nenhum problema. Eu estava meio apreensivo, elas estavam escalando pela primeira vez em Salinas e, com uma enfiada bem transversal, não era lugar para cair. Certo que uma queda em qualquer ponto poderia traumatizar com o pêndulo que daria.

A segunda enfiada começa com um artificial e alguns metros acima um lance de aderência com saída para direita que não se mostrou sofrido como eu estava escutando momento antes.

A terceira enfiada foi a mais bonita, vários lances mais delicados e que precisava avaliar antes de entrar. Como eu já imaginava essa enfiada foi mais puxada para a dupla feminina. Eu escutava alguns gritos, xingamentos e até um pequeno choro presenciei, mas com calma e persistência chegaram a P3 já mais animadas. As outras 2 enfiadas acabaram sendo passeio para chegar ao cume.

Uma das coisas muito legais de escalar com a Luciana e a Luiza é a empolgação, ânimo e encanto que as duas ficam quando terminam uma escalada. Isso é uma coisa que sinto falta, para os meus olhos brilharem como o delas brilham, preciso por muito o “meu” na reta para isso. A inocência, o descobrir lugares diferentes, situações novas, o se descobrir … enfim, isso não tem preço. Ao mesmo tempo que é muito bom ser “Macaco Velho”, a inocência é uma dadiva que mais cedo ou mais tarde acabamos perdendo.

A saída do Capacete é rapelando pela via Sérgio Jacob. Foi rápido e tranquilo, aos poucos a habilidade das meninas vai melhorando cada vez mais.

Assim que acomodei os equipamentos na mochila também fui obrigado a usar minha lanterna, o último resquício de luz já não existia mais, e só faltava uma caminhada de uma hora e meia que nos separava da comida quente e um saco de dormir aconchegante.

Capacete, palco do nosso dia de escalada.

Base da via Rodolfo Chermont

Trio animado para escalar. Luciana, Luiza e Natan.

Natan na P1

P1 depois da transversal

No lance mais delicadinho da segunda enfiada

Luiza

Foto área da segunda enfiada da via Rodolfo Chermont.

Linda parede …

Meninas chegando na P2

Um descanso depois do veneno. P2

Cume do Capacete, só alegria do trio.
Luciana, Luiza e Natan.

Meninas com o sorriso lá na orelha depois de escalar a primeira via em Salinas.

Quantidade de montanhas nessa região chega até dar água na boca.