Travessia Taipa – Ferreiro

Travessia Taipa – Ferreiro

8 de setembro de 2023 2 Por Natan

Nos últimos anos acabei me dedicando mais a escalada, uma hora ou outra dava uma caminhada um pouco mais forte, mas se podia escolher entre estar na parede ou dar uma pernada, a escalada sempre era prioridade. Infelizmente nos últimos meses acabei ficando sem parceria fixa para dividir a ponta da corda, alguns dos meus amigos estão bem empenhados de tempo e o Juliano que sempre está em grandes projetos ou em um simples domingo no Anhangava, acabou se machucando e precisando ficar alguns meses de molho até se recuperar. O tempo também é outra coisa que está meio foda, chove pra caralho na nossa serra, inviabilizando uma programação ou alguma coisa maior. Nossas paredes de escalada têm muito mato nas cabeceiras e no meio das vias, precisa de alguns dias de sol para saber que não vai passar veneno no meio de uma escalada porque em algum ponto esta molhado.

Alguns projetos que estavam engavetados, achei que era o momento para dar sequência a um deles que já estava bem adiantado. As 100 Principais Montanhas do Paraná, uma lista de cem montanhas com informações técnicas de cada montanha que pode ajudar outros montanhistas a se localizar melhor na nossa serra e criar projetos pessoais.

Caminhar e caminhar … dar um pouco mais de atenção a esse projeto que demanda muito trabalho, seja nas panorâmicas, identificação nas cartas topográficas … enfim, bastante trabalho. Claro que tudo isso não deixa de ser mais um motivo para estar na montanha rsrsrs.

A previsão do tempo para o feriadão do 7 de Setembro era chuva, somente a sexta feira dia 8 teria uma janela de tempo bom, e foi para esse dia que me programei para dar uma caminhada e seguir com o projeto.

Conversando com meu amigo Guga sobre outro assunto, ele acabou me perguntando o que faria no feriado. Eu já tinha uma estratégia montada para o meu dia na montanha, mas como o convite dele foi bom, encaixava com algumas montanhas que eu queria fazer e a companhia seria muito boa, não hesitei em aceitar.

Às 8:30 da manhã estávamos prontos na Fazenda Rio das Pedras para começar a caminhada. Cadastro feito no trailer do IAT começamos a subir o Morro do Getúlio. Encontramos alguns grupos no início, mas logo passamos a caminhar sem encontrar quase ninguém apesar do feriado. Eu sou meio cabreiro de caminhar com o Guga e a Josi, o casal recentemente participou de uma corrida de 80 km ficando com o pódio. Treinam corrida todos os dias e acompanhar essa dupla não é nada fácil.

Em 2 horas estávamos no cume do Taipabuçu. Visual fantástico do cume, temperatura agradável, nuvens altas para proteger do sol … tempo ideal para uma caminhada como aquela.

A descida do Taipa para o Ferraria é um pouco exigente e com vários lances mais íngremes. Nossa descida estava acelerada, eu cuidava para estar sempre que possível com as mãos apoiadas em algum tronco de árvore caso escorregasse. Em um desses trechos mais íngremes da descida, minha estratégia de três apoios acabou falhando. Sem aviso prévio meus dois pés escorregaram, como eu estava apoiado com uma das mãos em um galho grande que cruzava por cima da trilha, minhas pernas subiram e meu corpo ficou quase que na horizontal. O que eu não esperava era a minha mão escorregar. Por um instante fiquei completamente no ar, e no momento seguinte eu aterrissava de costas no chão, quicando algumas vezes até chegar no final do trecho mais íngreme. Levantei tentando encontrar algum machucado ou algo do gênero depois de um tombo como aquele, que segundo o Guga foi bonito de ver. A mochila acabou protegendo minhas costas, nenhum arranhão sequer, apenas a mochila cheia de barro.

Mesmo depois do susto continuamos no mesmo ritmo até o cume do Ferraria. Às 12:30 já estávamos sentados no cume para comer alguma coisa e continuar nossa travessia. O céu já dava sinal de mudança e o vento mais gelado nos obrigou a se mexer o quanto antes. Em 50 minutos já tínhamos descido toda a encosta do Ferraria e ganho um pequeno trecho de subida até o cume do Ferreiro.

O céu piorava cada vez mais. Olhando para Curitiba, já não tínhamos certeza se chovia na capital ou não.

A descida até a Fazenda Rio das Pedras foi no trote. Desde o cume do Taipa não encontramos mais ninguém na trilha até o final da nossa caminhada. Às 15:30 da tarde estávamos no carro trocando de roupa e loucos para ir embora e tomar uma boa cerveja para comemorar o dia perfeito de caminhada.

Guga e Josi, obrigado pela ótima companhia nessa travessia que foi só diversão. Repetindo as palavras da Josi, “… por mais dias como esse! ”

Morro do Getúlio

Cume do Taipabuçu. Pico Paraná ao fundo.

Guga, Josi e Natan.

Continuação da nossa travessia, Ferraria e Ferreiro.

Rumo ao Ferraria.

Único ponto de água na encosta do Ferraria.

Ponto um pouco mais exigente antes de chegar no cume do Ferraria.

Cume do Ferraria.

Ferreiro, Guaricana e os Capivaris ao fundo.

Sasi e o Pico Paraná.

Lindo mar de nuvens …

Logo que passa o colo entre o Ferreiro e o Ferraria, a subida até o cume do Ferreiro é por dentro de um pequeno vale com um pouco de água escorrendo. Ganhando altura pelas pedras, ficar atento a esse ponto. Tem uma saída do vale a direita para continuar a trilha.

O imponente Ferraria.

Trio no cume do Ferreiro.

Cachoeira dos Putos. Na base da trilha que sobe o Ferreiro.