Retornando à montanha …

Retornando à montanha …

15 de novembro de 2023 1 Por Natan

Resiliência, essa é uma das várias qualidades que possa atribuir a Luiza. Atenta e dedicada desde a primeira vez que expliquei o que era a escalada, se dedicou ao montanhismo dentro de suas possibilidades com muita vontade e seriedade. Lembro da sua primeira escalada no Anhangava, seu primeiro cume no Marumbi, a primeira guiada no Morro do Canal onde eu estava mais tenso do que ela. Com tanta dedicação, me passou segurança o suficiente para estar comigo no cume do Dedo de Deus, Salinas, Rio de Janeiro entre outras montanhas.

Como todo montanhista, passamos por épocas difíceis que acabam nós deixando um pouco afastados da montanha, mas para os que realmente amam o que fazem, tem resiliência e força de vontade o suficiente de voltar, retornam da onde nunca deveriam ter saído. Estive presente e fui o mentor dos primeiros passos da “Aprendiz de Roubadas”, apelido que dei a Luiza em uma de nossas roubadas na montanha, mas em todo o seu processo, estive ao seu lado e assim me mantive até hoje, e não poderia estar de fora do seu retorno a montanha e a escalada.

A pedido da Luiza, para voltar a montanha depois de tanto tempo, queria fazer alguma coisa que unisse a caminhada e a escalada, mas que também fosse alguma coisa viável para levar seu pai Alisson nessa empreitada. Ela queria compartilhar com ele uma das suas maiores paixões.

Falei que o melhor lugar com essas características seria o setor de escalda do Tucum. Uma boa caminhada de aproximadamente 3 horas, só para começar a escalar, fora algumas centenas de metros de parede até o cume e a volta cansado pra caralho, mas de cabeça feita rsrsrs.

O feriado bem no meio da semana com uma previsão razoável favoreceu. Logo cedo estávamos na trilha subindo em direção ao Camapuã.

Subida tranquila e sem pressa de chegar, o tempo passou que nem percebemos. Alisson, o pai da Luiza, ficou muito atento sobre as histórias das montanhas que sua filha já tinha escalado, e agora participando de uma empreitada da filha, consegue vivenciar e entender a paixão da Luiza.

Depois de uma longa caminhada chegamos na base da Via 10 Anos Depois, apesar de ter mais de 300 metros, a escalada é de pura aderência, a única coisa que pega, é a fadiga nas panturrilhas.

Enquanto se equipava, fiquei meio preocupado com o tempo que parecia estar mudando, tinha uma previsão de chuva para o final do dia e apresei todo mundo, era final da manhã e tínhamos tempo o suficiente, mas na montanha, as previsões de tempo podem mudar bastante.

Depois de uma instrução básica do que o debutante Alisson devia e não devia fazer, iniciamos nossa escalada. Guiei todas enfiadas, mantendo o Alisson sempre no meio e a Luiza por último para recolher as costuras. A escalada fluiu sem nenhum problema. O pai da Luiza manteve todos os procedimentos de segurança e tentando ser o mais agilizado possível na parede. Luiza nem se fale, todas as vezes que olhava para ela estava sorrindo e muito animada.

Finalizamos a escalada e deixamos para se desequipar no cume. Tudo fluiu bem melhor do que estava previsto. O tempo que algumas horas atrás parecia que iria virar, acabou se mantendo um dia ideal para aquela atividade.

A descida não foi diferente da subida, a conversa foi longa, não lembro de algum momento de silêncio entre o trio. Chegamos na Fazenda da Bolinha no início da noite sedentos por uma Coca-Cola.

O retorno da minha “Aprendiz de Roubadas” foi perfeito, a felicidade estampada na sua cara só certificou do quanto a Luiza gosta e ama tudo isso … pois não é todos os dias que identificamos um montanhista puro.

O trio: Natan, Luiza e Alisson.

A reza descontraída …

Luiza e Natan

A clássica praça.

Majestoso Pico Paraná visto do Camapuã.

Só o trio na montanha.

Ponto que sai da trilha principal para o setor de escalada.

Alisson e Luiza chegando na base da via.

Luiza na Via 10 Anos Depois

Luiza e Alisson na parada da via. Itapiroca atrás.

Eu e a Luiza na parede. Bom voltar a dividir a parada com a Luiza.

Imagine alguém que estava exalando felicidade …

Natan, Luiza e Alisson.

Já passando da metade da parede.

No único platô da via, um bom lugar para descansar.

Últimos metros da via.

Final da via.

Luiza

Cume do Tucum depois da escalada.

Mostrando as possibilidades de diversão na nossa serra.

Eu e a Luiza depois de um bom dia na montanha.

 

Posso vir 100 vezes ao cume da mesma montanha, mas cada uma será única.