Finalizando esse ano!
Correria do Natal passou e tenho mais alguns dias antes de acabar 2023. Já perdi as contas de quantas vezes já subi o Abrolhos, mas gosto muito de finalizar ou iniciar o ano subindo essa montanha.
Luiza ficou bem empolgada com o convite de subir o Abrolhos pela via Bandeirantes como última subida do ano. Não estava contando muito com a previsão do tempo, já sei que essa época é tudo muito imprevisível e o tempo pode mudar de uma hora para outra, o negocio é arriscar para saber o que vai dar.
Na terça feira depois de um café da manhã bem reforçado, iniciei a subida do Abrolhos com a Luiza. A escalaminhada não exige quase nada de equipamento, na verdade, se estiver motivado e com as condições ideais já sabendo o perrengue que vai passar, da para subir sem nada, mas nessa ocasião, uma corda, algumas fitas e com o equipamento pessoal subimos leves até o Parque do Lineu. Encontramos somente um grupo de quatro pessoas descendo, o Marumbi estava bem vazio.
A escalaminhada começa a esquerda na base das vias Maria Buana e Fenda Principal, uma pequena fenda fácil de fazer, mas sem proteção nenhuma, no final da fenda um grampo antigo serve de proteção para segurança do participante.
Luiza subiu sem problema algum, antes de continuar avisei que era provável que nossa comunicação ficasse meio ruim, e se continuasse a ventar forte, ela não me escutaria mais. Uma mistura de trilha íngreme, trechos de rocha e vara mato, deixa a subida do Abrolhos bem mais divertida que o caminho convencional. Estiquei uns 40 metros até achar uma árvore pequena, mas forte o suficiente para montar uma parada. Com um grito avisei a Luiza que poderia subir, uma voz distante e quase que imperceptível responde: “escalando!”. Em pouco tempo minha dupla estava no meu campo de visão e eu escutando os palavrões destinados as taquaras que ajudam, mas ao mesmo tempo atrapalham a subida.
Desse ponto guardei a corda e seguimos nossa subida pelo rastro à frente. Um lance ou outro um pouco mais delicado, mas o mato sempre ajuda bastante. Percebi que o caminho estava bem mais fechado que a última vez que passei por ali, tanto que me coloquei em dúvida se estava subindo pelo lugar correto. Depois de sofrer um pouco varando mato, cheguei no ponto que tinha certeza que estávamos no caminho certo, uma canaleta de barro e mato era a confirmação que eu não estava fora de linha original. A Aprendiz de Roubadas a essa altura do campeonato já tinha me xingado algumas vezes, pois segunda ela, eu tinha dado a impressão que seria um passeio até o cume do Abrolhos. Tranquilizei minha parceira: “Relaxa Luiza, ali na frente vem a parte mais divertida e sem mato para atrapalhar!”. Com uma cara duvidando fala ironicamente: “Sei Fabricio, conheço o teu divertido!”.
Eu não estava brincando quando falei que era a parte divertida, pelo menos para mim era. Uma canaletinha bem tranquila, no final uma diagonal na rocha em oposição. Fácil, mas talvez à primeira vista pareça ruim de fazer. A rocha estava um pouco escorregadia, estávamos no meio de uma nuvem que acabou umedecendo deixando tudo um pouco liso. Luiza já não acreditando mais em mim perguntou: “Agora o cume está próximo né?”. Tentando restabelecer minha moral expliquei: “Seguimos reto nessa diagonal, mais um lance bem fácil para passar, pois agora tem algumas cordinhas fixas e só seguir pelas pedras até o cume, 15 minutos estaremos lá!”.
Seguimos encordados para não ter nenhum susto. Visual não tínhamos nenhum, mas o tempo estava bem agradável. Não tinha me enganado, mais 15 minutos chegamos no cume do Abrolhos, uma garoa fina nos obrigou a seguir para o único lugar abrigado que tem lá em cima.
A descida foi tranquila e sem pressa, tudo muito escorregadio obrigava a ter uma atenção redobrada até chegarmos na vila do Marumbi.
A companhia da Luiza é sempre muito agradável e divertida. Finalizei esse ano subindo a montanha que mais gosto de estar e com a parceria certa. Torço para que 2024 seja um ano ainda melhor para todos nós!