Dias ruins também são bons!
Ainda que a previsão fosse desfavorável, mantenho o tesão em estar nas montanhas. Optar por enfrentar a montanha apenas em dias ensolarados é fácil muitas vezes. O verdadeiro desafio reside na motivação sincera que nos impulsiona a alcançar o cume. Um dia inteiro de caminhada sob condições adversas, também conhecido como tempo de merda, pode proporcionar aprendizados profundos, desde que estejamos receptivos ao que o momento oferece.
Condições climáticas severas como chuva, vento, frio e baixa visibilidade transformam a montanha em um ambiente perigoso e hostil, muitas vezes nada convidativo, quase como se tentasse nos afastar. Para muitos, esse cenário basta para evitá-lo e buscar dias melhores. Contudo, tenho uma certa satisfação nesse cenário meio caótico e adverso — uma sensação que compartilho com frequência.
Concluir um objetivo ou projeto em condições difíceis, sempre terá um prazer diferente de algo que foi realizado sem desafios significativos. Embora pareça óbvio à primeira vista, na prática, muitos buscam o caminho mais fácil e seguro. Muitos querem o aprendizado, a experiência, falar de boca cheia que é “casca grossa”, mas nunca vi alguém criar calo na mão passando creminho Dove.
Não se adquire resistência sem enfrentar adversidades — é um aprendizado que só vem na prática. Traduzindo: Pra ficar “Casca Grossa” precisa se fuder muito — é se fudendo que a gente aprende.
Atualmente, com as redes sociais, vejo muitos “montanhistas de internet” — especialistas que tudo sabem na teoria, já leram, já estudaram, mas nunca vivenciaram, talvez foram uma vez na vida quando eram novos e magros. Tem equipamento para tudo, sabe a especificação técnica e sua aplicação conforme o fabricante recomenda em cada situação, mas dá para contar nos dedos quantas vezes usou.
Não vou nem entrar no quesito medo e risco, porque aí vão me rotular com alguma coisa que termina com “ …fobia”.
Tem netinhos, afilhados e sobrinha, todos muito pequenos, e vai ser pouco provável me ver levando eles por livre e espontânea vontade até um parquinho fazendo piquenique, Desde pequenos levo eles para montanha, mesmo que seja cansativo e tenha um certo risco, qualquer outra coisa acho chato pra caralho.
Luiza se propôs a subir montanha comigo, não é porque é mulher que alívio muita coisa. Cansaço, frio, fome, medo, seja lá o desconforto que for, vai ter que aguentar firme para fazer as coisas mais divertidas na montanha.
Seguindo essa linha de raciocínio, foi muito tranquilo e nada mais natural pra mim querer subir o Pico Paraná nesse final de semana com um tempo de merda que estava. Já sabia que não seria a coisa mais confortável do mundo, mas para minha surpresa, foi tão rápido e divertido que nem vimos o tempo passar, fora o visual incrível que pegamos no cume do Pico Paraná.
Obrigado pela companhia de sempre Luiza, cada dia mais forte e resiliente!
Natan, é maravilhosa tua filosofia de Vida. Até mesmo o mau tempo te embala para manter o “elam” e a paixão pelo montanhismo ❗👍🙏🙏