Dias ruins também são bons!

Dias ruins também são bons!

6 de julho de 2024 1 Por Natan

Ainda que a previsão fosse desfavorável, mantenho o tesão em estar nas montanhas. Optar por enfrentar a montanha apenas em dias ensolarados é fácil muitas vezes. O verdadeiro desafio reside na motivação sincera que nos impulsiona a alcançar o cume. Um dia inteiro de caminhada sob condições adversas, também conhecido como tempo de merda, pode proporcionar aprendizados profundos, desde que estejamos receptivos ao que o momento oferece.

Condições climáticas severas como chuva, vento, frio e baixa visibilidade transformam a montanha em um ambiente perigoso e hostil, muitas vezes nada convidativo, quase como se tentasse nos afastar. Para muitos, esse cenário basta para evitá-lo e buscar dias melhores. Contudo, tenho uma certa satisfação nesse cenário meio caótico e adverso — uma sensação que compartilho com frequência.

Concluir um objetivo ou projeto em condições difíceis, sempre terá um prazer diferente de algo que foi realizado sem desafios significativos. Embora pareça óbvio à primeira vista, na prática, muitos buscam o caminho mais fácil e seguro. Muitos querem o aprendizado, a experiência, falar de boca cheia que é “casca grossa”, mas nunca vi alguém criar calo na mão passando creminho Dove.

Não se adquire resistência sem enfrentar adversidades — é um aprendizado que só vem na prática. Traduzindo: Pra ficar “Casca Grossa” precisa se fuder muito — é se fudendo que a gente aprende.

Atualmente, com as  redes sociais, vejo muitos “montanhistas de internet” — especialistas que tudo sabem na teoria, já leram, já estudaram, mas nunca vivenciaram, talvez foram uma vez na vida quando eram novos e magros. Tem equipamento para tudo, sabe a especificação técnica e sua aplicação conforme o fabricante recomenda em cada situação, mas dá para contar nos dedos quantas vezes usou.

Não vou nem entrar no quesito medo e risco, porque aí vão me rotular com alguma coisa que termina com “ …fobia”.

Tem netinhos, afilhados e sobrinha, todos muito pequenos, e vai ser pouco provável me ver levando eles por livre e espontânea vontade até um parquinho fazendo piquenique, Desde pequenos levo eles para montanha, mesmo que seja cansativo e tenha um certo risco, qualquer outra coisa acho chato pra caralho.

Luiza se propôs a subir montanha comigo, não é porque é mulher que alívio muita coisa. Cansaço, frio, fome, medo, seja lá o desconforto que for, vai ter que aguentar firme para fazer as coisas mais divertidas na montanha.

Seguindo essa linha de raciocínio, foi muito tranquilo e nada mais natural pra mim querer subir o Pico Paraná nesse final de semana com um tempo de merda que estava. Já sabia que não seria a coisa mais confortável do mundo, mas para minha surpresa, foi tão rápido e divertido que nem vimos o tempo passar, fora o visual incrível que pegamos no cume do Pico Paraná.

Obrigado pela companhia de sempre Luiza, cada dia mais forte e resiliente!

Visual incrível que ficou logo que chegamos no cume depois da chuva que pegamos.

Natan e Luiza no cume do Pico Paraná.

Luiza cada dia mais forte e resiliente, mesmo com as diversidades, sempre com um sorriso no rosto.

“Os dias que estes homens passam na montanha são os dias que eles realmente vivem. Quando as cabeças se limpam das teias de aranha e o sangue corre com força pelas veias. Quando os cinco sentidos cobram vitalidade e o homem completo se torna mais sensível. Então já pode ouvir as vozes da natureza e ver as belezas que só estavam ao alcance dos mais ousados.”
Reinhold Messner