Abrolhos, a última do ano.

Abrolhos, a última do ano.

29 de dezembro de 2022 1 Por Natan

Uma das coisas que me satisfaças muito … é estar na montanha, seja caminhando ou escalando. Eu estava muito confortável na praia nesse final de ano, apartamento de frente pro mar, muita comida boa, bebida gelada e na ótima companhia de velhos amigos. Carol me convidou para passar o final de ano com ela na praia, mas minha inquietude de ir para montanha antes de acabar o ano foi mais forte. Agradeci toda a hospitalidade que estavam proporcionando, só que a vontade de ir para o Marumbi antes da acabar o ano, ter um momento sozinho na montanha, visitar um dos cumes que mais gosto de estar e agradecer por esse ano, era uma coisa que eu queria muito fazer. Prometi que retornaria antes da virada.

Sai da praia deixando para trás todo o conforto e regalias que muitos gostariam de ter em um final de ano. Quem convive comigo já sabe que conforto e luxo são coisas que não me prendem, não me impressiona … montanha, experiência, perrengue e boa companhia, isso sim é o que vale a pena pra mim.

Animado e entusiasmado, subi a estrada de prainhas em direção ao Marumbi. O calor forte e a ausência do vento parecia que eu estava em uma sauna a seu aberto. Apurei o passo para chegar na vila antes de anoitecer ou da chuva me pegar.

Depois de uma boa noite de jogatina com o Rafael e família, amigo de mais de 20 anos, queria descansar para aproveitar o último dia de montanha antes de se encerrar 2022.

O sol no Marumbi é raridade, o tempo ruim e a chuva são predominantes nas montanhas e, nessa quinta-feira não seria diferente. Precisei atrasar em algumas horas a subida para deixar toda a capitação de água da casa em ordem e funcionando, mas às 3 da tarde consegui me liberar e dar início a subida do Abrolhos com uma leve garoa sobre a cabeça.

Sozinho na trilha e poucos visitantes no parque, a bicharada estava muito à vontade. Por um longo trecho da subida tive a companhia de um bando de macacos que olhavam curiosos e desconfiados a minha presença no meio do mato. Em uma das paradas para hidratar, um dos macacos que parecia não ter me visto, veio na minha direção como se eu não estivesse ali. Quando chegou a uns 3 metros, dei um grito para assustar o desavisado. Fugindo em alta velocidade para a copa da árvore, o Sr. Macaco parece não ter gostado muito da brincadeira e saiu gritando parecendo um velho rabugento.

O Marumbi continua sendo pra mim o palco de muitas fazes da minha vida, sejam elas boas ou ruins. Aqui consigo pensar melhor, planejar com mais clareza, agradecer e refletir com mais serenidade.

Se pra vc que está lendo esse relato e algumas vezes não entende direito o que quero dizer, lembre que esse é o meu diário, na verdade escrevo pra mim rsrsrs e compartilho algumas informações que podem ser úteis para vc de alguma forma.

Voltando …

Não posso dizer que esse ano foi ruim, na verdade só foi um aprendizado diferente. A muitos anos vivo em um ciclo de pessoas que tem valores e éticas muito parecidas com os meus. Foi uma experiencia muito diferente lidar com situações e pessoas que tem valores conturbados e estranhos. Já é sabido que por dinheiro tem gente que faz coisas absurdas, mas por estatutos, holofotes ou prestígio, essa era uma situação atípica pra mim.

Me bati no começo para lidar com isso, mas depois entendi que “é mais do mesmo”, quem vende a mãe por dinheiro, não está longe de quem vende a mãe por prestígio, aí fica mais fácil de entender e dar o devido tratamento.

Não tenho medo de tempos de guerra, pois são nesses momentos que tomamos uma injeção concentrada de aprendizado e conhecimento e, nada melhor que um pouco mais de sabedoria.

No cume do Abrolhos, sozinho e tendo que colocar o anoraque para se aquecer, complemento e finalizo minha reflexão, que na verdade, o ano de 2022 ganhei muito mais que perdi, na verdade, não perdi nada, só me estressei além da conta.

O ganho através da luta e persistência em acreditar em algo improvável, vai fazer toda a diferença para os próximos anos que virão.

Desci a montanha com isso na cabeça, as melhores coisas não são dadas, não caem do céu … elas são conquistadas.

Em todo esse verde, alguns macaquinhos escondidos.

Eu e eu …

Cume do Abrolhos. Um dos poucos momentos que tive um visual.