Cordón Del Plata 2013
Cordón Del Plata, esse era o nosso destino nesta expedição. Calculamos as finanças e concluímos que o meio de transporte mais barato seria de carro. De Curitiba até o refúgio do Cerro Plata foram 2800 km, 3 dias de viajem rodando em média 12 horas por dia, cansativo mas divertido.
Chegamos no dia 24 de dezembro, o tempo não estava nada bom, chovia mais de 15 dias na região. Ficamos alojados no Refúgio Mausy, e chegando a ele, eis que escuto um brasileiro me chamar pelo nome, era o também curitibano, Rafael Kozechen mais conhecido como Papael. Ele chegou até Mendonza de carona, uma história muito legal para contar aos netos quando estiver mais velho.
Fomos convidados para passar a ceia de natal no Refúgio San Bernardo, uma confraternização entre todos os refúgios. Lá encontramos mais cinco brasileiros de Cascavel, uma turma muito animada e divertida, em pouco tempo de conversa já deu para perceber que a preparação e organização da expedição dessa galera (Douglas, Lazzari, Ervikton, Thyago e Carolina) tinha sido muito bem feita.
Acordamos meio tarde no Natal e o tempo ainda continuava ruim, mas como tínhamos que aclimatar, resolvemos fazer um ataque até Lomas Blanca (3650m), subimos em um ritmo tranquilo mais constante e logo estávamos no cume. O tempo estava fechado, mas ainda não parecia que iria chover, então resolvemos ir até a próxima montanha que era o Cerro Estudiante (3700m), no cume vimos que dava para fazer mais uma antes de começar a descida.
Enquanto estávamos no cume do Cerro Caucaso (3850m) fazendo um lanche, abriu uma janela no meio de toda aquela neblina e avistamos mais uma montanha à nossa frente, estávamos na dúvida pois tínhamos começado a caminhar às 11 horas da manhã e já era meio tarde, na indecisão resolvemos subir o Iluso (3990m) também, a última montanha antes de retornar para o refúgio. Do cume do Iluso até o refúgio tocamos em parar com medo de pegar chuva, com a subida e descida dessas quatro montanhas totalizamos 6 horas de caminhada, depois disso o negócio era fazer uma janta bem reforçada para o próximo dia de aclimatação.
A próxima montanha que queríamos fazer era o San Bernardo (4100m), sua altitude não é muito elevada comparada ao Cerro Plata, mas já subi montanhas de 5000 m que eram mais fáceis do que o San Bernardo. Pra quem pensa que ele é tranquilo de fazer não se engane, pois praticamente toda a subida é por moraina com uma inclinação bem acentuada. O cume tem uma visão privilegiada da região, conseguindo ver quase todas as montanhas que estão ao redor do Plata. O tempo estava melhorando. Pegamos uma mar de nuvens que a tempo eu não via, como o típico céu azul e aquele friozinho bom de montanha.
O planejamento original era fazer mais alguma montanhas de ataque antes de subir o Plata, mas tivemos a informação que a janela de tempo bom iria durar poucos dias. Já que tínhamos pouco tempo de céu azul mudamos nossos planos e focamos a subida para o Plata, mesmo não tendo aclimatado o suficiente.
O terceiro dia foi de “burro de carga”, eu e a Michelle montamos nossas cargueiras com todos equipamentos e mantimentos que precisávamos para nossa ascensão ao Plata. Passamos pelo acampamento de LasVeguitas (3185m), um lugar muito agradável para acampar mas baixo para o primeiro acampamento, seguimos a Pedra Grande (3500m) onde seria nossa primeira noite de barraca.
Acordamos cedo. Arrumar à cargueira e fazer com que tudo coubesse novamente não seria uma tarefa fácil. No acampamento tinham vários grupos que provavelmente subiriam até El Salto e eu estava com o receio de não ter mais espaço para nossa barraca caso eu chegasse tarde. Eu e a Michelle arrumamos os mais rápido possível nossas cargueiras e iniciamos a caminhada para o nosso último acampamento que estava a 4250m.
Levamos 2 horas de Pedra Grande até El Salto, fomos uns dos primeiros a chegar ao acampamento e pudemos escolher um bom lugar para montar nossa base, o tempo estava colaborando até agora, mas mesmo não estando totalmente aclimatado achamos melhor atacar o cume no dia seguinte. As 20 horas já estávamos deitados com tudo pronto para sair de madrugada.
Novamente a ansiedade atrapalhou meu sono. Às 4 horas da manhã já estávamos fazendo o café e se arrumando para sair, a noite estava estrelada com pouco vento e até aquele momento não estava fazendo tanto frio.
Subimos em um ritmo tranquilo e constante para não precisar parar para descansar e deixar o corpo esfriar. Até Portozuelo a caminhada rendeu bem e ainda era cedo, a partir desse ponto começamos a diminuir o passo e sentir que a caminhada não estava rendendo, não estávamos sentindo nenhum mal da altitude como dor de cabeça, enjôo ou qualquer coisa parecida, apenas não estávamos conseguindo manter um bom ritmo.
Tanto eu como a Michelle treinamos muito, tempos uma rotina de treinos bem pesado, mesmo estando bem preparados fisicamente a nossa ascensão para 6000 metros estava pegando, mas pelo menos, não estávamos passando mal. E nesse ritmo bem tranquilo no dia 29 de dezembro as 14 h eu e a Michelle atingimos o cume do Cerro Plata a 6050 m acima do nível do mar.
O Cerro Plata não é técnico, mas é um 6000, e acho que não tem uma montanha com esta altitude que seja fácil. No cume, como sempre, é um misto de alegria e indecisão, você não sabe se descansa, se tira foto, fica curtindo o visual, você quer fazer tudo ao mesmo tempo, ficamos aproximadamente uma hora no cume antes de começar nossa descida.
No retorno o vento já estava bem forte, do cume até El Salto levamos 3 horas de caminhada. No acampamento os dois só queriam comer e descansar pois ainda não sabíamos o que iríamos fazer no dia seguinte. Os ventos aumentaram muito e a previsão era que piorasse. Tomamos a decisão de voltar para Curitiba a noite quando os ventos pareciam que arrancariam a carraca do chão.
Sexto e último dia na montanha, nos despedimos dos amigos de Cascavel que ficariam ainda em El Salto e descemos para o refúgio onde estava nosso carro, no caminho quase chegando em Pedra Grande encontramos o amigo Papael subindo para o seu próximo acampamento. Descida tranqüila e alegre, os dois idiotas com aquele sorriso na cara, com a boa sensação de dever cumprido.
Tenho muita sorte de ter a Michelle como minha esposa, mulher forte, decidida, guerreira e muito parceira. A 9 anos atrás quando casamos, nunca iria imaginar que ela seria minha parceira na montanha, muito menos em alta montanha. Só tenho a agradecer a Michelle por estar comigo fazendo o que nós dois mais gostamos, um triângulo amoroso, eu, ela e a montanha.
Guilherme, novamente só posso te agradecer, ao excelente profissional que é. Os dias de treino que eu sentia gosto de sangue na boca mais uma vez valeram apena, muito obrigado por cuidar do meu preparo físico para encarar essas pauleiras, pois foram 6 montanhas em 6 dias de caminhada.
Meus pais também tem um dedinho em tudo isso, pois há muitos anos vem me apoiando em todas as montanhas que subo.
E é claro que não posso esquecer minha segunda família. Nesta vez não estivemos juntos, mas estavam no apoio caso eu precisasse de qualquer coisa. Valeu piazada do Nas Nuvens Montanhismo, mas uma vez a bandeira do NNM chegou ao cume, vida longa!!!!!!
Excelente Natan! Show o relato. Parabéns ao casal pela conquista.
Foi um prazer conhecê-los e estar com vocês nessas montanhas… que venham as próximas.
FIBRAAAP!
Oi Natan! Que legal poder ler o relato de vocês!!!
O Vagner e eu estamos com as passagens compradas para ir ao Chile em março. Vamos subir o Plomo e, se der tudo certo, vamos pro Plata depois. Agora estou colhendo dicas e treinando forte também.
Tudo de bom! Abraço pra vc e pra Michelle.
Grande Lazzari, temos que marcar uma escalada com o pessoal, quando marcarem alguma coisa aqui para Curitiba me avise.
Parabéns também pela cume em solo. Um forte abraço.
Natan
Oi Ketelin, como vcs vão para o Plomo antes, quando chegarem no Plata já vão estar bem aclimatados, acredito que não vão ter problema em chegar ao cume do Plata, só precisam torcer para que o tempo esteja bom. Manda um abraço para o Vagner e se precisarem de alguma coisa me avisem.
Boa viajem para vcs.
Boa, meu nobre! Continua mandando bem como sempre, inclusive nos relatos. O Plata é mesmo fantástico. Grande abraço e parabéns por mais esta.
Grande George, que bom que vc gostou de relato. Realmente a região do Plata tem que ser visitado mais que uma vez rsrs. Um forte abraço e boas corridas.
Valeu pelo relato.
Pretendo fazer o Cerro Plata em Janeiro/2018.
Felicidades e muitas outras aventuras pra voces.
João
Caro João Pimenta,
Tem tempo de sobra para se preparar para o Cerro Plata, tenho certeza que vc vai gostar muito da região, lugar bem agradável para ficar muitos dias.
Sorte na empreitada!!!!!