Crista Sudeste do Morro 7 – final da abertura
Depois que voltamos da primeira investida da crista do Morro 7, a galera do clube ficou muito empolgada em participar da próxima abertura de trilha na crista.
Julio Fiori, o idealizador do projeto que trouxe para dentro do CUME (Clube União Marumbinismo e Escalada) a ideia estava de aniversário essa semana, e juntando a fome com a vontade de comer, ficou na sua responsabilidade o planejamento dessa atividade.
As atividades oficiais do clube são uma vez por mês, o restante, como essa abertura de trilha na crista, são projetos pessoais de associados que trazem a ideia para o clube e juntos trabalhamos no desenvolvimento para a execução do projeto.
Para comemorar o aniversário do nosso amigo Julio Fiori lançamos a ideia e em poucas horas tínhamos 16 pessoas confirmadas para a empreitada. Metade experiente, a outra nunca tinha varado mato na vida.
“Porra Natan, é muita gente para fazer uma coisa dessas! Vai dar merda!”, Fiori me questinou.
“Fica tranquilo Fiori, também é uma experiência nova pra gente … mas vamos planejar com cuidado toda a empreitada, a melhor forma de ensinar alguma coisa é na prática.”, respondi também com um pouco de receio.
Às 6 da manhã uma turma reunida no ponto de encontro para descer a Graciosa até a Curva da Ferradura, antes, deixamos alguns carros na Fazenda Garbens para o retorno.
Saindo da Curva da Ferradura já sabíamos o melhor caminho, subir o rio pela trilha da captação, assim ganhamos tempo e encurtamos um pouco o caminho.
Com toda essa galera a fila era comprida, dividimos os mais experientes entre os mais novos para não deixar ninguém para trás, o Bolivia ficou encarregado de não deixar ninguém para trás sendo o Fecha Fila.
Em pouco tempo alcançamos o ponto onde paramos de abrir trilha, dali para frente já sabíamos que em algum momento a crista se tornaria mais difícil de passar. Não demorou muito na verdade, logo demos de cara com uma parede no meio da crista, pela esquerda não tinha condições alguma, e pela direita estava bem ruim.
Enquanto esperávamos todos chegarem, tentei achar uma brecha subindo um diedro de pedra e mato. Até ganhei certa altura, mas a inclinação da pedra aumentou e tudo em volta estava instável e desmoronando, inviabilizou um acesso por esse lugar.
Seguindo um pouco mais a frente beirando a parede seguimos agora em um grupo pequeno para tentar achar uma passagem viável.
Camarão e Guga puxavam aquele trepa mato delicado. Lembrando os antigos, os dois amarraram a corda na cintura e tocaram entre arbustos e pequenas touceiras presas a rocha.
Eu já não avistava mais os dois, só escutava um grito ou outro. No berro perguntei se podia chamar o restante do grupo, escutando um sim bem ao longe voltei a gritar agora com o pessoal que estava mais abaixo, “Bora galera, venham com cuidado”.
Um a um foram passando pelo corrimão com cordas que instalamos para todos passarem com um pouco mais de segurança. Bolivia me ajudava com cada pessoa que passava, sendo nos dois os últimos a abandonar aquela piramba.
Depois que escapei da pirambeira, passei por toda a galera para alcançar os primeiros e ajudar na abertura, no caminho ainda me deparei com mais dois lances bem delicados e expostos. Outras cordas ajudavam na segurança e na passagem de outros degraus. Assim foram mais alguns lances que era necessário a ajuda de um toco de corda.
Já estávamos no final da crista quando acabou as partes mais verticais. Agora era hora de procurar no meio daquela vegetação de arbustos grossos e horríveis para passar, uma saída à esquerda para termos acesso ao outro lado da encosta e chegar no Morro 7.
Depois que o relevo parou de subir e o vale ao nosso lado acabou, seguimos em curva de nivel a esquerda até chegar em um pequeno rio, hora de descansar e comer alguma coisa.
Dali em frente a vegetação era parecida com um bosque, o ritmo estava acelerado e buscamos encontrar a trilha principal do Morro 7, a qualquer instante iriamos cruzar com essa trilha.
A alegria de todos quando caímos na trilha do Morro 7 já bem próximo ao cume foi contagiante. Sujos e cansados agora só queríamos chegar ao cume.
Para nossa surpresa o amigo Paulo Mengue esperava a galera chegar, veio pela trilha principal do Mãe Catira para esperar a empreitada do CUME.
Um novo acesso para o Morro 7 estava feito, linda caminhada com boas pitadas de emoção vão deixar essa caminhada muito atrativa para quem quiser se aventurar por essas bandas. Para a travessia da Farinha Seca é uma excelente opção fazer as montanhas de ponta a ponta sem deixar o Morro 7 de fora.
Já se aproximava das 17 horas quando saímos do cume em direção a Fazenda Garbens. Dividimos em pequenos grupos para agilizar a descida, ainda tinha que buscar os carros que ficaram na Curva da Ferradura.
Para nosso amigo Julio Fiori foi um presente de aniversário muito legal, ele idealizou, planejou e participou de toda a execução do seu projeto. Mesmo ressabiado com a quantidade de pessoas que estavam participando, foi uma experiência muito gratificante para todos, e o principal, foi divertido para todos. Não teve discussão, stress, cara feia, nada … uma conquista perfeita, com muita gargalhada, conversa, planejamento, execução impecável e uma colaboração entre todos que foi de tirar o chapéu.
Parabéns a todos os envolvidos, Camarão e Guga mandaram muito bem puxando a frente dessa conquista quase a maior parte do tempo. Parabéns ao aniversariante Fiori pelo aniversário e por todo planejamento da conquista, todos aproveitaram o seu presente de aniversário.